A primeira criança a usar um aparelho como o de Alexander no Brasil foi Guilherme Rossi. Em 2020, a história dele foi contada no “Fantástico”. Em 2019, o menino descobriu que tinha doença celíaca, uma doença autoimune desencadeada pela reação ao glúten.
Ele emagreceu dez quilos em um semestre e passou mal algumas vezes. Foram mais de 20 dias internado até que um raio-x revelou que o coração dele estava inchado. No caso dele, uma inflamação causada por um vírus também provocou uma falência severa no órgão.
Para Guilherme, a “máquina” foi temporária. Ele continuou na fila para o transplante e recebeu um novo coração em 2021. O menino ficou com o aparelho implantado por um ano e três meses. Durante o período, enfrentou uma infecção na área de entrada do cabo de alimentação da bomba e um AVC.
“O Heartmate salvou meu filho. E só posso achar maravilhoso que ele possa ter sido beneficiado com seu uso e graças às adaptações que foram feitas. No caso do Gui, foi a oportunidade de sobrevida suficiente para aguentar a espera da chegada de um novo coração, e que isso fosse possível fora do ambiente hospitalar”, contou a mãe do garoto, Tatiana Rossi.
Como funciona o aparelho
A Abbott, empresa fabricante do dispositivo, informou ao g1 que, no caso de Alexander, o procedimento foi coberto pelo plano de saúde, e a tecnologia ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Para ser disponibilizado no Brasil, o HeartMate 3 passou por certificações e aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Depois de implantado, o paciente é acompanhado pela equipe clínica de origem. É feita uma checagem dos parâmetros do dispositivo por meio de um monitor específico que fica no centro hospitalar. Quando o paciente recebe alta e vai para casa, ele leva consigo oito baterias íons de 14 volts que fornecem energia para o funcionamento do equipamento.
“Elas são sempre usadas aos pares e possuem uma durabilidade de até 17 horas. Quando necessário, são feitas trocas de baterias de acordo com suas validades”, explica o texto encaminhado ao g1.
Além disso, o paciente usa um controlador do sistema, que é um equipamento de interface do dispositivo. Este monitor tem uma bateria interna backup com capacidade de até 15 minutos de suporte além das 17 horas das baterias de 14 volts.
“Todo paciente que faz uso do sistema HeartMate recebe um treinamento para uso da tecnologia e passa por acompanhamento contínuo, tanto da equipe médica quanto da Abbott. Antes do procedimento, ele também tem a oportunidade de conhecer outras pessoas que já realizaram este procedimento e, com isso, podem compartilhar experiências.”
O que diz o Ministério da Saúde
“O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta assistência integral e gratuita para pacientes com insuficiência cardíaca, incluindo ações de prevenção e controle, diagnóstico, oferta de medicamentos, tratamento e acompanhamento para um estilo de vida mais saudável.
Em 2023, o Ministério da Saúde destinou R$ 270 milhões para a atenção cardiovascular. O objetivo é viabilizar a ampliação da oferta de procedimentos cirúrgicos na área.
De acordo com o Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS), em 2022, foram registradas 205.441 internações relacionadas à insuficiência cardíaca no SUS. Em 2023, até outubro, foram 174.500 internações (dados preliminares).”