Brasil

Alta na demanda, custos elevados e baixa concorrência explicam elevação no preço das passagens este ano

LATAM

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O aumento das passagens aéreas no Brasil preocupa o governo e chama atenção pela força do reajuste em 2023, que chega a quase 50% no acumulado do ano. Segundo especialistas ouvidos pela CNN, há algumas explicações para o reajuste salgado no preço dos tickets. A primeira delas é uma resposta ao crescimento da demanda por viagens que surpreendeu este ano.

Por causa da pandemia as companhias tiveram que reduzir a operação, devolvendo aeronaves e encolhendo quadros. No pós crise da Covid-19, a recuperação da demanda foi mais rápida e mais intensa do que a reação das empresas, limitando a capacidade de ajuste na oferta de voos e lugares.

“Há uma perspectiva de aumento da oferta nos próximos meses, mas não será rápido. A redução da operação aconteceu no mundo todo e agora estão todos procurando aeronaves. Este é hoje um dos maiores problemas do setor aéreo”, disse Cleveland Prates, da MicroAnalysis Consultoria Econômica.

O segundo motivo tem a ver com a baixa concorrência entre empresas aéreas que atuam no país. Com maior procura pelas passagens e poucas operadoras, o preço sobe e não há estímulo para reverter a dinâmica.

“Não há concorrência entre as empresas que atuam no Brasil e isso faz com que os preços possam ficar altos quando a demanda sobe”, disse Andre Braz, economista da FGV.

O terceiro motivo tem a ver com o custo das companhias aéreas. O querosene de aviação responde por 30% dos custos das empresas. Entretanto o preço do petróleo está no menor patamar do ano, em queda desde outubro, o que não justificaria o aumentos dos preços, segundo André Braz. Mas não é só essa a fonte de pressão no caixa das aéreas.

“As empresas estão com endividamento muito alto. Algumas conseguem se financiar lá fora, mas não resolve todo problema. A variável chave para melhorar o desempenho do setor e acomodar os preços é a concorrência. Para ela aumentar o país precisa crescer e o governo precisa interferir menos no setor, só assim vai atrair a entrada de novas operadoras”, alerta Cleveland Prates.