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O que se sabe e o que falta saber sobre o caso do soldado que pode ser expulso da PM acusado de furtar orquídea de quartel em SP

Polícia Militar abriu processos disciplinares contra Paulo Coutinho, que está há 18 anos na corporação. Ao g1 ele negou as acusações e disse ser perseguido por ter a face tatuada. Soldado tem mais de 52 mil seguidores nas redes sociais onde é conhecido como 'Demolidor'.

O soldado Paulo Rogério da Costa Coutinho pode ser expulso da Polícia Militar (PM) após ter sido acusado de furtar uma orquídea no quartel e de abandonar o posto de serviço durante o Carnaval em São Paulo. Ele nega as acusações e alega inocência.

Reprodução/Redes sociais

PM é acusado de furtar orquídea de batalhão e abandonar o posto

 

O policial militar ainda alega que está sofrendo perseguição e preconceito por parte dos superiores por ter o rosto tatuado.

1. O que aconteceu?

Em 2022, o soldado Paulo cuidava do jardim do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM), no Carandiru, Zona Norte de São Paulo, quando retirou uma orquídea do local.

Segundo o soldado, ele iria replantá-la em outro local. Mas de acordo com a Polícia Militar, Paulo furtou a flor.

Um ano antes, em 2021, Paulo foi acusado de deixar o posto de serviço quando trabalhava na segurança da população que tinha ido ver os desfiles das escolas de samba no carnaval no Sambódromo do Anhembi, também na Zona Norte. O soldado alega que tinha ido ao banheiro, mas que ao voltar foi parado por fãs para tirar fotos. E por isso demorou ao retornar.

Paulo tem mais de 52 mil seguidores na sua página pessoal no Instagram e quase 8 mil inscritos no seu canal no YouTube. Nelas, o soldado é conhecido como “Demolidor”, e mostra a sua rotina de trabalho na PM e também o seu cotidiano, como torcedor do Corinthians, e o convívio com a família e amigos.

2. Quais são as acusações e punições?

De acordo com a Polícia Militar, por causa do caso da demora no trabalho no Carnaval e do sumiço da orquídea o soldado responde a dois processos por indisciplina na corporação: “sendo um pela conduta de abandono de posto e o outro pela prática de peculato.”

As duas infrações são consideradas transgressões disciplinares na esfera militar. A primeira é deixar o trabalho de maneira irregular. A segunda é subtrair ou desviar algo para proveito próprio.

Entre as punições previstas para quem comete as irregularidades acima está a expulsão. Em outras palavras, o soldado pode ser desligado da corporação.

3. Onde foi parar a orquídea?

Em entrevista ao g1, Paulo não esclareceu onde pretendia replantar a orquídea que retirou do jardim. Questionada, sua defesa também não respondeu onde a flor foi deixada pelo soldado.

“Algumas informações não podemos ainda passar, pois ele não deu seu depoimento oficial, ainda”, disse o advogado Thiago Lacerda, que defende o PM.

Segundo a Folha de S.Paulo, o Inquérito Policial Militar (IPM) informa que câmeras de segurança gravaram o furto da orquídea, e que Paulo escondeu a planta no alojamento dos soldados e cabos. E depois levou a flor para o refeitório, onde ela foi encontrada abandonada atrás de um extintor de incêndio por outro policial.

PM abre processo para expulsar soldado acusado de furtar orquídea de quartel e abandonar posto de trabalho — Foto: Reprodução/Redes sociais

4. O que diz a PM?

A Polícia Militar de São Paulo abriu dois processos disciplinares para expulsão de um soldado acusado de furtar uma orquídea e também abandonar o posto de serviço no quartel.

“O Conselho de Disciplina destina-se a declarar a incapacidade moral da praça para permanecer no serviço ativo da Polícia Militar. Cabe ainda esclarecer que os fatos que ensejaram a instauração dos citados Conselhos também estão sendo apurados pela Justiça Militar Estadual”, informa nota da corporação.

5. O que diz o soldado e a sua defesa?

O policial militar Paulo Rogério da Costa Coutinho alega que não cometeu os crimes e disse que está sendo perseguido por seus superiores hierárquicos. Em entrevista ao g1, o soldado falou que sofre pressão dentro da corporação desde que começou a se tatuar, em 2018. Ele alegou ainda que o preconceito aumentou quando decidiu tatuar o rosto, em 2021.

Paulo está há 18 anos na corporação e atualmente trabalha no 18º Batalhão da Polícia Militar (BPM).

“Sempre fui perseguido. Um comandante da PM me chamou na sala dele e disse para eu parar de fazer tatuagem. Eu respondi que não porque estava amparado pela lei”, falou o policial.

Ao g1, o advogado Thiago Lacerda, que defende o soldado, disse que o Ministério Público Militar (MPM) chegou a pedir o arquivamento da acusação de furtar a orquídea. E que, no seu entendimento, os processos disciplinares contra Paulo são motivados por preconceito.

Isso é uma perseguição preconceituosa, devido às tatuagens que ele tem, inclusive no rosto. Abriram um processo disciplinar para saber se o soldado tem condições morais de permanecer na PM”, disse Thiago.

“Como policial e cidadão ele não tem nada que desabone, pelo contrário, ele tem várias ocorrências positivas, como partos e faz várias obras sociais e de caridades. Além de resgatar animais abandonados.”