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Brasileiros tiraram R$ 87,8 bilhões da caderneta de poupança em 2023, diz balanço do BC

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Edifício-sede do Banco Central no Setor Bancário Norte, em lote doado pela Prefeitura de Brasília, em outubro de 1967

As retiradas de recursos das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 87,8 bilhões em todo ano de 2023, informou nesta segunda-feira (8) o Banco Central.

A saída de valores da poupança em 2023, apesar de alta, foi menor que a do ano anterior – quando mais de R$ 100 bilhões deixaram a modalidade de investimentos.

A evasão de recursos da caderneta de poupança aconteceu em um momento de juros e endividamento ainda relativamente altos no país.

De acordo com a instituição, em 2023:

os depósitos somaram R$ 3,82 trilhões
as retiradas totalizaram R$ 3,91 trilhões

Com a retirada de recursos da poupança no último ano, o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado, registrou queda para R$ 983 bilhões. Em dezembro de 2022, o volume total somou R$ 999 bilhões.

Cenário da economia
A retirada de recursos da caderneta de poupança acontece em um cenário de juros ainda relativamente altos, apesar de quatro quedas seguidas na Selic, para o patamar atual de 11,75% ao ano.

Indicadores também mostram que o endividamento da população segue elevado. Segundo o BC, ele somou 47,6% da renda acumulada nos doze meses até outubro deste ano.

Ao mesmo tempo, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito recuou para 3,4% em novembro, patamar ainda alto em termos históricos. A série do BC para esse indicador começa em março de 2011.

O governo federal lançou em julho de 2023 o programa “Desenrola”, para renegociar dívidas da população. Ele segue válido até março deste ano.
Até o início de dezembro do ano passado, o programa possibilitou a renegociação de R$ 29 bilhões em dívidas de 10,7 milhões de pessoas.

Rendimento
A caderneta de poupança segue com rendimento limitado. Isso ocorre porque, com as regras vigentes, quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).

De acordo com analistas ouvidos pelo g1, o retorno da poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa. Eles apontaram que investimentos no Tesouro Direto, em CDBs e também CDIs têm registrado melhor desempenho.

Com a queda da Selic, a tendência também é de que os investimentos em renda variável fiquem mais atrativos. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou o ano com ganho de mais de 22% em 2023. Foi o melhor resultado desde 2019.

O bom resultado foi influenciado pelo cenário externo no ano passado. Não bastasse a crise bancária nos Estados Unidos no começo do último ano — que aumentou a aversão ao risco por parte dos investidores — os mercados deram mais destaque na segunda metade do ano às incertezas sobre a inflação norte-americana e o aumento de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central do país).

“Imaginamos que a partir de março de 2024 o Fed deve começar a reduzir os juros, o que deve ser bom para os mercados acionários, incluindo o brasileiro. Nossa bolsa ainda está barata e tende a continuar atraindo investidores estrangeiros”, avaliou o analista de investimentos da Mirae Asset Pedro Galdi, no fim de 2023.