O lutador de MMA, Diego Braga Nunes, de 44 anos, foi encontrado morto depois de tentar recuperar em uma favela do Rio nesta segunda-feira sua moto que tinha sido roubada.
Policiais do 31º BPM (Barra da Tijuca) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) fizeram buscas no Morro do Banco, no Itanhangá, na Zona Oeste, onde o corpo foi encontrado. O caso passa agora para a Delegacia de Homicídios (DH) – a principal suspeita é que ele tenha sido confundido com um miliciano por traficantes. Na manhã desta terça-feira (16), a Polícia Militar prendeu um homem que confessou a participação no crime.
Ainda segundo a Polícia Militar, o homem preso tem passagens e foi encontrado em casa com drogas na comunidade.
A moto de Diego Braga foi furtada na madrugada de segunda por dois homens em sua casa, na Muzema. Ao ter acesso às imagens de uma câmera de segurança o lutador iniciou a procura pelo veículo.
Primeiro, ele foi à comunidade da Tijuquinha e depois ao Morro do Banco, onde teria sido feito refém por traficantes. Desde então, parentes e amigos não sabem mais do paradeiro do lutador.
Diego Braga foi lutador profissional de muay thai e MMA. A sua carreira profissional no MMA começou em 2003 e a partir de então enfrentou em lutas nomes como Charles do Bronx, Miltinho Vieira, Adriano Martins e Iliarde Santos. Todos com passagens pelo UFC, considerada a categoria mais importante do MMA.
Diego também treinou com os irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro e com Anderson Silva. A sua última luta profissional foi em 2019. Ele se aposentou com 23 vitórias, oito derrotas e um empate.
Desde então, o lutador vinha se dedicando à carreira de professor de artes marciais e treinador. Em 2023, seu filho Gabriel Braga chegou à final do torneio peso-pena da PFL.
A PFL é uma organização de artes marciais dos Estados Unidos. Os especialistas consideram que é a terceira maior organização de MMA do mundo.
Segundo o filho, o também lutador Gabriel Braga, o pai passou a manhã inteira tentando achar a moto, que foi levada de dentro do condomínio, e subiu sozinho a comunidade controlada pelo tráfico de drogas.
Ao g1, ele afirmou que amigos e policiais já buscavam pelo corpo do pai.
“Como estava demorando, os amigos tentaram subir, mas mandaram todos descerem. Agora há pouco, um amigo ligou para tentar liberar o corpo e eles falaram que colocaram o corpo em uma praça. Mas quando chegamos lá, a polícia já estava lá e não deixaram ninguém subir”, disse Gabriel Braga.
Diego Braga é dono da academia Tropa Thai, de formação de lutadores, e treina o filho, que luta profissionalmente. As aulas foram canceladas nesta segunda-feira.
Tráfico x milícia
A comunidade da Muzema, no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, era dominada por milicianos até 2023. A partir daí, em novembro, traficantes do Comando Vermelho invadiram a comunidade e passaram a dominar o local. O Morro do Banco, comunidade vizinha, também está sob o domínio do tráfico.
Segundo investigadores da Polícia Civil, o traficante Pedro Paulo Guedes, um dos principais criminosos do CV, um dos chefes do Complexo da Penha e atualmente procurado pela polícia, é quem tem dado as cartas na Muzema.
Traficantes já estariam instalando barricadas em vias da favela e até vendendo drogas. A localidade faz divisa com Rio das Pedras, o berço da milícia.