A cirurgia foi feita numa clínica oftalmológica em Lausanne, na Suíça, perto de Genebra, onde ela mora. O Fantástico conversou com o médico que operou a Layyons.
E se, um dia, você resolvesse mudar a cor dos seus olhos? Foi o que fez uma modelo brasileira de 24 anos.
Desde o ano passado, Layyons Valença deixou de ter olhos castanhos para ter olhos azuis. O procedimento feito por ela se chama ceratopigmentação e não foi realizado no Brasil.
Com ajuda de uma microagulha ou de laser, os médicos aplicam uma pigmentação na córnea, parte mais externa e transparente do olho, para promover a mudança de cor. É como se fosse uma tatuagem. O procedimento dura, em média, 30 minutos.
“E pigmentar essa área significa pigmentar de forma definitiva, injetando um pigmento para que mude a cor de acordo com o que se deseja”, explica ao Fantástico Wilma Lelis, Presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
‘Não me identificava’
“Com os meus olhos marrons, que é a minha cor natural, eu não me identificava, eu não conseguia me olhar no espelho”, diz a modelo brasileira.
Layyons chegou a usar lentes de contato antes de decidir mudar de vez a cor dos olhos.
“Eu optei pela cirurgia porque eu não tinha os cuidados certos, porque eu queria dormir com a lente, eu dormia com a lente. Eu acordava com a lente. Então, em várias ocasiões eu peguei infecções. Aí foi quando eu realmente falei: ‘eu preciso mudar a cor dos meus olhos'”.
Entenda como foi feita a cirurgia
A cirurgia foi feita numa clínica oftalmológica em Lausanne, na Suíça, perto de Genebra, onde ela mora. O Fantástico conversou com héodore Hojabr, médico que operou a Layyons na Europa.
“Criamos uma espécie de túnel na córnea, que é feito em sete segundos. Em seguida, começo a introduzir o pigmento para termos a mudança de cor dos olhos com a ceratopigmentação […] São pigmentos naturais derivados de metais e minerais. O laboratório que produz esses pigmentos obteve todas as validações com as autoridades da Europa”, afirma o médico Théodore Hojabr.
A clínica chega a atender, por ano, 250 pacientes para esse tipo de cirurgia. Théodore destaque que, em uma cirurgia, nunca há risco zero.
“Por isso fazemos um check-up completo no paciente para termos certeza de que a operação pode ser feita. E, depois da cirurgia, indicamos medicamentos em gotas para garantir que a cicatrização ocorra em boas condições.”
Trocar a cor dos olhos é possível em alguns países, como na Suíça. Mas investir nesse sonho tem um preço alto. A cirurgia de Layyons custou oito mil francos suíços, o equivalente a mais de R$ 45 mil.
“Se me perguntam, eu falo: são os meus olhos. Eu comprei, são meus. Eu estou feliz, me sinto realizada, me sinto muito bem. Minha autoestima mudou muito.”
Layyons explica que os cuidados com os olhos redobraram após a cirurgia.
“Os três primeiros meses você fica muito sensível à luz. E depois disso passa. Às vezes eu coloco algumas gotinhas para hidratar o olho mesmo”. Ela também diz que usa óculos de sol com frequência.
Ela também afirma que recebeu muitas críticas de pessoas dizendo que o procedimento “ficou muito feio” e “artificial”, mas que também teve apoio de quem gostou.
Procedimento é permitido no Brasil?
No Brasil, a mudança de cor de olho só é permitida em casos específicos.
“A cirurgia ela é originalmente relacionada a casos em que há uma opacidade extensa da córnea, em que realmente o olho ele está “branco”, como consequência de alguma doença muito grave, como um glaucoma avançado, um histórico de uma doença ocular extensa, que levou à perda da função daquele olho”, explica Flavio Mac Cord, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.
Wilma Lelis complementa. “O que não é permitido é com fins estéticos para olhos que têm visão.”
Quais são os riscos?
Os especialistas destacam ainda os riscos do procedimento.
“Essa pigmentação ficando vai impedir a visualização do olho quando esse paciente precisar de cirurgias. Então, se ele for fazer uma cirurgia de catarata, que é o mais comum, vai ter uma dificuldade muito grande para acessar esse olho”, diz Wilma Lelis.
Além da tatuagem na córnea, os especialistas no Brasil fazem um alerta para outros procedimentos nos olhos, como o implante de íris artificial, que o Fantástico revelou em 2013. Outra prática é mudar a cor da esclera, como é chamada a parte branca dos nossos olhos, geralmente feitas em estúdios de tatuagem.
“Imagina numa situação em que você não tem esses cuidados de um centro cirúrgico? Então, os riscos tanto de infecções quanto de alergias, irritações, inflamações graves, são muito maiores. O risco de uma perda é real. Se você quer mudar a cor dos seus olhos, use lentes de contato. Com uma adaptação adequada, você está muito menos exposto a riscos e vai conseguir o mesmo objetivo que você quer. Inclusive, pode até trocar de cores”, conclui Wilma Lelis.