Brasil

Carnaval pode provocar aumento dos casos de dengue, diz infectologista

Felipe Sóstenes/Secom Maceió

Felipe Sóstenes/Secom Maceió

Os desfiles e festas de Carnaval poderão colaborar para o aumento no número de casos de dengue em todo o Brasil. O alerta é da infectologista Juliana Oliveira da Silva, e coordenadora do Centro de Vacinação do Hcor.

Até a última sexta-feira (9), o Brasil registrava 408.351 casos prováveis da doença, com 62 mortes e 279 óbitos em investigação, segundo o Ministério da Saúde.

A médica explica que o possível aumento tem relação com as aglomerações decorrentes das festas, mas o motivo é diferente do que ocorre com a Covid-19 e outras doenças cuja transmissão se dá por meio do contato direto com uma pessoa infectada. No caso da dengue, não há transmissão de um indivíduo para outro.

“A aglomeração das festas de Carnaval, por si só, não seria a causa para o aumento dos casos de dengue. Porém, nas festas de Carnaval há uma grande migração, um grande acúmulo de pessoas que saem de diversas regiões e vão para capitais. E a dengue é uma doença muito urbana. Então, a gente acaba tendo um grande número de pessoas aglomeradas nessas festas de Carnaval e em locais próximos de criadouros do mosquito”, explica Juliana.

A infectologista explica que as áreas urbanas que estão entre os destinos preferidos dos foliões concentram focos do mosquito de água parada, que são os criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Por esse motivo, a transmissão da doença tende a ser mais rápida –ainda mais pelo fato de o país estar em época de chuvas.

Roupas curtas

Juliana destaca que outro fator de risco são as roupas curtas que geralmente são utilizadas pelos foliões. “As pessoas ficam expostas por um período grande sem proteção de partes do corpo”, diz. Com uma área de exposição maior, há, portanto, mais partes do corpo que podem ser picadas pelo mosquito.

Para quem vai se jogar na festa com roupas curtas, a infectologista orienta que seja feito uso de repelentes.

“A recomendação que a gente dá é abusar do repelente. Principalmente aqueles que têm um poder de ação por um período mais prolongado”, sugere. “Mas é preciso entender que não basta espirrar o repelente em algumas partes do corpo. Tem que passar no corpo todo”, diz.

Sintomas

A especialista explica que, geralmente, os primeiros sintomas da doença aparecem entre sete e dez dias depois que a pessoa é picada.

Entre os sintomas principais estão dor no corpo, febre alta (acima de 39 graus) com início súbito, vômitos, prostração e dores abdominais, de cabeça, atrás dos olhos e nas articulações.

“Na presença de duas manifestações dessas, qualquer uma delas, a gente recomenda fazer um atendimento para fazer uma avaliação para ver se já não tem-se os sinais de dengue”, orienta.

Vacina

Juliana diz que as pessoas que tomaram a vacina contra a dengue há pelo menos 30 dias já podem ter alguma proteção contra a doença no Carnaval.

“Trinta dias depois de uma única dose a gente já tem uma eficácia vacinal de aproximadamente 80%. É claro que, para manter essa eficácia vacinal sustentada ao longo de vários anos, é preciso ter as duas doses”, acrescenta.

“Para você ter uma ideia, a vacina da dengue, essa específica Qdenga, é considerada uma vacina de viajante. Inclusive, as pessoas que moram fora do país e vêm para o Brasil têm uma recomendação de tomar pelo menos uma dose 30 dias antes de fazer essa viagem para o Brasil”, destaca.