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Portela conquista o Estandarte de Ouro 2024 de melhor escola

Fernando Maia / RioTur

A Portela foi eleita a melhor escola do Grupo Especial pelo júri do Estandarte de Ouro 2024. A agremiação foi a segunda a desfilar na noite de segunda-feira e levou para a Avenida o enredo “Um defeito de cor”. O Salgueiro conquistou a categoria inovação, a segunda a ser votada. O Estandarte de Ouro é uma realização dos jornais O GLOBO e Extra.

A partir do romance homônimo de Ana Maria Gonçalves, a Portela levou pra avenida uma reflexão sobre a história das “negras mães de todos nós”. Pela trajetória de uma matriarca negra, a escola narra a “a busca pelo sentido” da existência dos negros no Brasil. As perguntas que o enredo faz são: “Por que somos? Por que assim fazemos? Por quem lutamos? Em memória do que?”

Os jurados, durante a votação, destacaram a emoção que o desfile da escola passou. A agremiação apresentou a história de mulheres fortes, como Luiza Mahim, mãe de Luiz Gama. Um dos pontos altos foi a homenagem às mães de vítimas da violência. Ao todo 16 mulheres vieram no último carro, entre elas Marinete Franco, mãe da vereadora Marielle Franco e Ana Paula Oliveira, mãe de Jhonata Oliveira. Todas levaram objetos, como camisetas com fotos que lembravam seis filhos e exibiram durante a passagem da escola.

Na categoria inovação, o Salgueiro ganhou com a cachoeira de Led do carro “A beleza Yanomami”, o quinto levado pela agremiação. Na escolha, foi ressaltada a opção do carnavalesco de não usar água, o que seria um desperdício e iria contra a própria ideia do enredo da escola.

As 12 escolas de samba, que compõem o Grupo Especial, podem concorrer a 15 categorias, sendo elas: escola, bateria, ala de passistas, samba-enredo, enredo, comissão de frente, inovação, personalidade, ala, baianas, puxador, revelação, mestre-sala, porta-bandeira e destaque do público. Neste ano, a categoria Fernando Pamplona passou a integrar a premiação da Série Ouro, grupo composto por 16 agremiações que, anteriormente, concorriam apenas a melhor escola e melhor samba-enredo.

Para valorizar os novos compositores, como acontece desde 2005, samba-enredo reeditado continua não entrando na disputa da categoria. Com a decisão, esse ano, fica de fora o da Vila Isabel “Gbalá, Viagem ao templo da criação”, de Martinho da Vila. Cantado na Avenida pela primeira vez no carnaval de 1993, quando ganhou o Estandarte, a composição embalou o desfile deste ano da escola. Já houve caso de um samba reeditado levar o prêmio. Isso aconteceu em 2004, com “Aquarela Brasileira”, de Silas de Oliveira, no Império Serrano. A composição é considerada um clássico do gênero.

Premiação na Série Ouro
No domingo, após a segunda noite de desfiles da Série Ouro, a Estácio de Sá conquistou o Estandarte de Ouro nas categorias mais cobiçadas do grupo, formado por 16 agremiações: melhor escola e melhor samba-enredo. De acordo com os avaliadores, o samba-enredo contribuiu muito para os prêmios. Na categoria Fernando Pamplona, entregue às escolas que fazem melhor uso de material barato e com bom efeito, que neste ano passa a ser dado a uma escola da Série Ouro, foi para o abre-alas da escola Arranco do Engenho de Dentro.

A Estácio passou por tensão nos últimos minutos do desfile, durante o primeiro dia da Série Ouro. O portão fechou aos 56 minutos, um a mais do que o máximo estipulado pelo regulamento. Além do atraso, a escola enfrentou uma falha no sistema de som, por alguns segundos, nos 15 minutos iniciais. A agremiação, mesmo penalizada no dia da apresentação, não deu falta dos pontos para conquistar os prêmios.

A Arranco do Engenho de Dentro foi condecorada na categoria Fernando Pamplona pelo uso criativo de caixas e bulas de remédio na decoração, coletadas dos Centros de Atendimento Psicossocial da Prefeitura do Rio de Janeiro. Segundo os jurados, o alinhamento entre a utilização dos produtos reciclados com o enredo fez com que a escola se destacasse na Avenida.

Com a inclusão da categoria Fernando Pamplona, a Série Ouro passou a contar com três prêmios. Até o ano passado, o acesso contava apenas com premiação para melhor escola e melhor samba-enredo. Já o Grupo Especial fica com 15. O principal objetivo da mudança é privilegiar as agremiações com menos recursos e estimular a criatividade dos artistas do acesso.