De acordo com denúncias oriundas da direção da Usina Utinga, entre os dias 22 a 26 de dezembro de 2023, as 400 famílias que lá residem se queixaram de mudança na coloração da água, o que induziu a equipe técnica a fazer vistoria na nascente da Mata Sálvia, espaço remanescente de Mata Atlântica. Conforme os depoimentos, a área, que é de preservação permanente, vem sendo degradada por escavação indevida feita pela empresa Buriti Nordeste responsável pela construção de três residenciais no município de Rio Largo.

De um lado, a usina, sustenta que as atividades são irregulares e que a intervenção ocorre sem licença ambiental. Representando-a, participaram da audiência o diretor jurídico Rodrigo Rolin, e mais quatro advogados, entre eles duas profissionais especializadas em Direito Ambiental.

O dono da Buriti Nordeste apresentou o projeto dos residenciais e algumas imagens para assegurar sua versão de que as escavações e todos os procedimentos na nascente da Mata Sálvia ocorrem com permissões dos órgãos competentes e sem causar danos à natureza. Reforçando o entendimento, falou o prefeito Gilberto Gonçalves. A alegação para a parte acusada é a de que a licença necessária seria apenas do órgão municipal.

Em janeiro, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) e o Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) fizeram inspeção no local e, segundo relatos, foi constatada agressão ao meio ambiente. Como não houve consenso, a reunião foi encerrada com despachos cujas partes devem atender no prazo de cinco dias corrido, a partir desta sexta-feira (23).

O representante do IMA ressaltou que a Mata Atlântica situada no espaço da Usina Utinga é a segunda maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e que em relatório apresentado pela equipe técnica há indícios de danos no local.

A promotora de Justiça Lavínia Fragoso deixou claro que o objeto das discussões é exclusivamente a possível degradação ao meio ambiente, dano às nascentes, o que pode causar alteração à fauna, à flora e aos recursos hídricos, além da recomposição do dano ambiental sendo comprovada a denúncia.

Ficou decidido que o IMA se pronuncie a respeito da configuração ou de danos às nascentes no local da intervenção.

O Município, no prazo de cindo dias (a partir desta sexta) deve encaminhar à 5ª Promotoria de Justiça cópia do inteiro teor do processo das licenças ambientais concedidas dos três loteamentos edificados pela Buriti Nordeste, acompanhando estudos ambientais.