Política

Bolsonaro é esperado nesta terça para 7º depoimento à PF desde que deixou o Planalto

Jovem Pan News

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá prestar, nesta terça-feira (27), seu sétimo depoimento à Polícia Federal (PF) desde que deixou o Palácio do Planalto.

Desta vez, Bolsonaro será ouvido em um inquérito que apura uma suposta importunação intencional a uma baleia em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. De acordo com uma apuração da analista de política da CNN Jussara Soares, o ex-chefe do Executivo não deve ficar em silêncio.

Bolsonaro é esperado às 14h30 na sede da PF na capital paulista. Seu advogado, Fabio Wajngarten, também será ouvido no mesmo local e no mesmo horário.

O caso ocorreu em 16 e 17 de junho de 2023. O inquérito foi aberto com base em um vídeo publicado nas redes sociais em que uma moto aquática com motor ligado chega a cerca de 15 metros do animal, que seria uma baleia jubarte. A suspeita dos investigadores é a de que Bolsonaro estava pilotando o veículo.

Em novembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) informou que instaurou um procedimento administrativo de acompanhamento das investigações da PF.

O depoimento de Bolsonaro neste inquérito já foi adiado uma vez pela Polícia Federal, no início deste mês. Inicialmente, ele deveria ter ocorrido no último dia 7. A CNN entrou em contato com a assessoria de Bolsonaro e aguarda retorno a respeito do inquérito.

As outras cinco vezes

Entre os temas dos outros cinco depoimentos de Bolsonaro estão: o caso das joias sauditas (duas vezes), empresários suspeitos de apoiar um golpe de Estado, o 8 de janeiro, adulteração do cartão de vacina e, mais recentemente, sobre sua suposta tentativa de dar um golpe de Estado para permanecer no poder após perder a última eleição presidencial.

Joias da Arábia Saudita

O primeiro depoimento de Bolsonaro aconteceu em 5 de abril de 2023, no caso que investiga a entrada ilegal no país de joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita. Ele estava acompanhado de advogados e de Wajngarten. “Foi uma ótima oportunidade para esclarecimentos dos fatos”, declarou Wajngarten na ocasião.

Segundo apuração do âncora da CNN Leandro Magalhães, Bolsonaro falou aos agentes da PF que todos os procedimentos foram feitos por ofício, o que demonstraria transparência dos atos praticados. Ainda de acordo com o aliado ouvido pela reportagem, o ex-presidente tomou conhecimento das joias em dezembro de 2022, um ano depois da chegada dos presentes ao Brasil, o que foi relatado à PF.

No mesmo caso, Bolsonaro retornou para um novo depoimento em 31 de agosto de 2023. Entretanto, dessa vez, permaneceu em silêncio.

A decisão, segundo apuração da CNN, foi tomada depois que a defesa de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro obteve informações de que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid depôs e fez confissões importantes à PF.

Com a mudança na decisão, a defesa não quis se comprometer e decidiu combinar entre Bolsonaro, Michelle, o ex-ajudante de ordens Marcelo Câmara e Wajngarten que todos ficariam em silêncio.

8 de janeiro

Em 27 de abril de 2023, Bolsonaro esteve na PF por mais de duas horas para falar sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro durante ataque aos Três Poderes em Brasília.

O ex-chefe do Executivo foi ouvido no inquérito como instigador pelas postagens na internet sobre o resultado das eleições presidenciais de 2022. Principalmente por uma postagem no dia 10 de janeiro de 2023, dois dias após os atos, na qual questionava, mais uma vez, as urnas eletrônicas e o resultado eleitoral, mas foi apagada logo em seguida.

Segundo a PF, os “instigadores” são aqueles que, de alguma forma, alimentaram e instigaram ações de quem não aceitava o resultado das urnas, o que culminou nos atos antidemocráticos.

Na ocasião, afirmou que fez a publicação do vídeo após estar medicado por morfina. Ele explicou que tentou compartilhar a postagem para seu WhatsApp pessoal, acabou fazendo em seu Facebook.

Fraude em cartão de vacinação

Em 16 de maio de 2023, Bolsonaro foi ouvido no âmbito da investigação que apura supostas fraudes em cartões de vacina da Covid-19.

No começo daquele mês, quatro pessoas ligadas a Bolsonaro foram presas pela PF suspeitas de fazerem parte de um esquema de inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).

A PF quis saber de Bolsonaro se ele tinha conhecimento da manipulação de dados nos cartões de vacina no nome dele e de familiares, como sua filha de 12 anos com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Segundo fontes, ele afirmou que não pediu a ninguém para falsificar cartões de vacinação contra Covid-19 nem para inserir dados no ConecteSUS em seu nome. Bolsonaro transferiu a responsabilidade aos seus auxiliares, mas sem culpá-los diretamente.

Empresários suspeitos de apoiar um golpe de Estado

Em 18 de outubro de 2023, Bolsonaro esteve numa oitiva do inquérito investiga empresários suspeitos de apoiar um golpe de Estado em conversas num grupo de WhatsApp.

Segundo Bolsonaro, a orientação da defesa foi entregar o depoimento por escrito e “continuar batendo na tecla da competência, que não é do STF [Supremo Tribunal Federal], os meus advogados entendem que é da primeira instância”.

Conforme informado pelo analista da CNN Caio Junqueira, a PF viu elo entre Bolsonaro e o empresário Meyer Nigri na disseminação de fake news sobre o sistema eleitoral em grupos de WhatsApp.

No relatório da PF, o empresário recebeu, no dia 26 de junho de 2022, uma mensagem de WhatsApp do contato “Bolsonaro 8” referente ao ministro do STF Luís Roberto Barroso. A mensagem diz que Barroso “mente” e que há um “desserviço à democracia dos três ministros do TSE/STF” que faz “somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições”.

Nigri, então, responde ao contato “Bolsonaro 8”: “Já repassei para vários grupos. Faz tempo que não nos falamos. Como você está? Abraços de Veneza”. O ex-presidente já confirmou o envio da mensagem.

Suposta tentativa de golpe de Estado

Na última quinta-feira (22), Bolsonaro esteve na PF para falar no âmbito da investigação que apura suposta tentativa de golpe de Estado. Entretanto, o ex-presidente permaneceu em silêncio e ficou por cerca de quatro minutos perante os oficiais.

Sua defesa afirmou que a atitude foi tomada porque não teve acesso integral aos elementos da investigação. “Até que se tenha o legítimo e amplo acesso à investigação, o presidente Bolsonaro não prestará qualquer declaração, não abdicando de fazê-lo tão logo lhe seja garantido o referido acesso”, afirmaram os advogados.

Eles disseram ainda que há elementos mantidos ocultos como, por exemplo, os termos de declarações da delação de Cid. Os advogados também argumentaram que não tiveram acesso integral as provas que teriam sido extraídas de celulares e computadores apreendidos.