O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cobrou nesta segunda-feira, 4, que o iFood participe de negociações para estabelecer normas de trabalho para entregadores por aplicativo. A declaração foi feita durante o evento de assinatura do projeto de lei complementar que busca regulamentar os motoristas de aplicativos, como das empresas Uber e 99.
“Brinquei com o Jaques Wagner, nosso senador da Bahia, que foi governador por 8 anos e sei que o iFood é da Bahia, e o iFood não quer negociar. Pois nós vamos encher tanto o saco que o iFood vai ter que negociar para fazer aquilo que vocês fizeram junto ao transporte”, disse o petista.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou esperar que a proposta assinada influencie os demais segmentos e que acredita que a categoria dos entregadores é “ainda mais sofrida” e disparou: ‘Não adianta o iFood mandar recado. Nós conversamos o ano inteiro, mas o fato é que o iFood e as demais, Mercado Livre, enfim…
Diziam que o padrão dessa negociação não cabe no seu modelo de negócio, porque é um modelo de negócio altamente explorador. É preciso que essas plataformas também cheguem no real e possam sentar para conversar, mas saber que nós precisamos estabelecer um padrão remuneratório que ofereça condição de cidadania, condição de vida digna a esse trabalhador e trabalhadora, como nós estamos fazendo aqui’.
Lula parabenizou a categoria dos motoristas pelo debate organizado das exigências do setor. O PL será enviado para o Congresso Nacional em regime de urgência, ou seja, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados terão 45 dias cada para analisar o texto.
“Vocês deram um banho de inteligência, um banho de competência e um banho de sabedoria e agora vocês vão ter que dar um banho de experiência, porque vão ter que fazer isso dar certo de verdade”, iniciou.
“Da parte do governo, vamos fazer o possível para aprovar o mais rápido possível”, completou. Marinho defendeu a existência de uma categoria diferenciada, os “autônomos com direitos”, pois, segundo ele, a falta de uma regularização da profissão resulta em uma “liberdade falsa”.
“Era exatamente o que os trabalhadores pediam: ‘nós queremos autonomia, nós não queremos estar rígidos’. O problema é que essa liberdade era uma liberdade falsa, porque os trabalhadores estavam sendo escravizados por longas jornadas e baixa remuneração”, disse.
Em nota, a Uber afirmou que considera a proposta um marco e seguirá acompanhando a tramitação no Legislativo. “A Uber reafirma seu compromisso em seguir buscando, de forma sempre equilibrada, melhorias para os milhões de brasileiros que encontraram no aplicativo novas formas de mobilidade e de geração de renda”, disse a empresa.