Entre os agravos notificados, os acidentes de trabalho despontam como a principal causa de afastamento dos trabalhadores, totalizando 4.182 casos (57%). O ano de 2023, em particular, registrou o maior número dessas ocorrências, um total de 1.885 casos, um aumento atribuído em parte à Portaria GM/MS nº 217/2023, que alterou a definição de acidente de trabalho na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública, nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional.
Por outro lado, outras doenças relacionadas ao trabalho, como Pneumoconiose (doenças ocupacionais pulmonares causadas pela inalação de poeiras ou gases tóxicos), PAIR (perda auditiva provocada por exposição prolongada a ruído) e Câncer, apresentaram números significativamente menores de notificações. Esse cenário sugere a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre os fatores que contribuem para a subnotificação desses agravos, bem como a implementação de estratégias eficazes de vigilância e prevenção.
“O Informe Epidemiológico configura-se como um instrumento de vigilância que promove a disseminação de informações qualificadas, com atributos para orientação de ações de saúde pública, bem como o monitoramento de eventos, doenças e agravos de responsabilidade da Vigilância em Saúde”, relatou a enfermeira do Cerest, Daniela Nascimento, que integra a equipe de elaboração do documento.
A enfermeira destacou ainda que a discrepância entre os municípios na área de abrangência do Cerest Maceió quanto às notificações de agravos relacionados ao trabalho é um aspecto que merece atenção. Segundo o documento, embora 23 dos 27 municípios tenham realizado pelo menos uma notificação no período de janeiro a dezembro de 2023, quatro cidades alagoanas – Chã Preta, Mar Vermelho, Paulo Jacinto e Pindoba – permaneceram silenciosas nesse aspecto.
“Essa ausência de notificações revela a necessidade de um esforço conjunto para promover a conscientização e a capacitação dos profissionais de saúde nessas localidades, incentivando a identificação e notificação adequada dos casos de agravos relacionados ao trabalho. Além disso, os dados apontam que é fundamental investir em políticas públicas que visem à melhoria das condições de trabalho e à promoção da saúde dos trabalhadores, garantindo ambientes laborais seguros e saudáveis”, reforçou Daniela.
Diante desse panorama, o Informe sugere uma ação coordenada entre os órgãos de saúde, gestores públicos, empregadores e trabalhadores para enfrentar os desafios e garantir um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos. Os técnicos reforçam que a saúde do trabalhador não deve ser negligenciada, e é essencial que medidas efetivas sejam adotadas para proteger aqueles que contribuem diariamente para o desenvolvimento de nossa sociedade.
Sobre o Informe Epidemiológico
O Informe Epidemiológico é uma publicação oficial da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, sob a coordenação do Cerest Maceió. Todo o trabalho de tabulação e análise é feito por uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais das áreas de Psicologia, Enfermagem, Serviço Social e Medicina do Trabalho. Confira o documento.