Dois suspeitos foram presos pelo crime; Jhenifer Luiza ficou desaparecida por três dias
Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que um homem arrasta um saco, com o corpo da transexual Jhenifer Luiza, de 26 anos, e depois o abandona em um terreno baldio no bairro Jardim Eldorado, em Guaíra, no interior de São Paulo. A jovem de 26 anos estava desaparecida desde quinta-feira (14), e foi encontrada morta na manhã desta segunda (18).
Segundo a Polícia Civil, o homem que aparece nas imagens foi identificado e preso. De acordo com o delegado Rafael Faria Domingos, da Seccional de Barretos, o suspeito de 22 anos já era foragido da Justiça de Pernambuco por uma condenação de 17 anos em decorrência de um roubo. Na delegacia, ele confessou que participou da ocultação do corpo de Jhenifer, mas apontou outro homem como responsável pela morte.
Esse outro homem, de 24 anos, também foi preso. Ele também era foragido por uma condenação por tráfico de drogas em Itanhaém, no litoral de São Paulo. Durante o interrogatório, o suspeito negou a autoria do homicídio e culpou o outro preso. A motivação do crime ainda não foi esclarecida, e o delegado pediu a prisão temporária dos dois homens.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou que os suspeitos foram encaminhados à cadeia pública de Colina. O caso foi registrado como homicídio e ocultação de cadáver na Delegacia Seccional de Barretos.
Nas imagens registradas pelas câmeras, é possível ver o momento em que o homem aparece arrastando o que parece ser um saco plástico pela rua com a ajuda de um carrinho. O flagrante ocorreu por volta das 17h do último sábado (16). Depois, uma outra câmera mostra o suspeito abandonando o corpo em um terreno.
Pelas redes sociais, a prefeitura de Guaíra lamentou a morte de Jenifer Luiza e prestou solidariedade com familiares e amigos dela. A administração municipal também repudiou o crime de transfobia ocorrido na cidade.
De acordo com informações da prefeitura, Jenifer estava sempre presente nos eventos do Fundo Social de Solidariedade de Guaíra, inclusive como representante do Musa Trans Verão, título conquistado por ela.
“Em razão disso e por respeito a ela e seus familiares, o Baile da Melhor Idade com o tema do Mês da Mulher, que seria realizado nesta sexta-feira (22), foi cancelado. Não há motivos para celebrar algo neste momento de pesar e de monstruosidade que ocorreu com uma representante da comunidade LGBTQIAPN+ e que tinha tanta alegria de viver”, afirma a nota.
Violência contra pessoas trans
De acordo com dados do dossiê sobre assassinatos e violências contra travestis e transexuais em 2023, divulgado em janeiro pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), os assassinatos de pessoas transexuais aumentaram mais de 10% em 2023 em relação ao ano anterior.
Entre as mortes registradas, foram 145 homicídios e 10 suicídios. A pessoa trans mais jovem assassinada no Brasil tinha apenas 13 anos.
Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, que passaram a ser enquadradas pela Lei de Racismo. Na decisão, a Corte definiu como crime condutas que “envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém”.