O ex-jogador foi levado ao ‘presídio dos famosos’, em Tremembé, no interior de São Paulo, após ser preso por de estupro coletivo. Condenação pela Justiça Italiana é de nove anos.
Condenado pelo crime de estupro coletivo, o ex-jogador Robson de Souza, o Robinho, foi transferido para Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo, na madrugada desta sexta-feira (22).
O ex-jogador foi detido em Santos (SP), após a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir que ele cumpra a pena de 9 anos pelo crime de estupro coletivo, a partir de condenação da justiça Italiana – leia mais detalhes abaixo. Nesta sexta, o Superior Tribunal de Justiça publicou o acórdão do julgamento que determinou a prisão de Robinho.
Nos primeiros dias no presídio, Robinho ficará isolado dos outros presos. Ele já foi colocado sozinho em uma cela de cerca de oito metros quadrados. Veja uma simulação com base na apuração do g1:
Antes, porém, passou por procedimentos padrão para ingresso no sistema prisional e precisou trocar a roupa que usava pelo uniforme de presidiário. Confira como foram as primeiras horas de Robinho na prisão:
Uniforme de presidiário
Robinho saiu do Instituto Médico Legal de Santos por volta das 23h e chegou na P2 de madrugada, por volta da 1h. Um vídeo mostra o momento da chegada do ex-jogador na cadeia em um carro da Polícia Federal – assista abaixo:
Robinho chega à penitenciária de Tremembé (SP) e vai cumprir pena de 9 anos. Crédito: Juliana Sever/TV Vanguarda
Assim que chegou, o ex-jogador passou pelos procedimentos padrões e burocráticos que acontecem quando um novo preso ingressa na unidade.
O ex-jogador precisou trocar a roupa que usava pelo modelo padrão de presidiário. Todos os detentos do local usam um uniforme igual: camisa branca e calça cáqui, como na imagem abaixo.
Outro procedimento padrão para todos os detentos é o corte de cabelo. Ele é feito no momento de entrada do detento no presídio: máquina dois na lateral e quatro na parte de cima.
Cela de 8 metros quadrados
Depois dos procedimentos de praxe, Robinho foi colocado em uma cela isolada, em um setor de inclusão, para adaptação e a realização de avaliações necessárias pela equipe da penitenciária.
A cela em que ele está tem cerca de oito metros quadrados e é composta por uma cama, pia e bacia turca, um tipo de vaso sanitário embutido no chão.
De acordo com apuração do g1, Robinho vai ficar isolado em regime de observação entre 10 e 30 dias. Durante o período, todas as atividades são isoladas, como, por exemplo, o banho de sol. As quatro refeições diárias também serão feitas na própria cela, com horários determinados entre 6h e 17h30.
O tempo total em isolamento depende de diversas avaliações, que são feitas por uma equipe formada por médicos, psicólogos e assistentes sociais.
Assim que essas avaliações forem concluídas, no prazo de até 30 dias, Robinho deixará o isolamento e vai para o pavilhão habitacional comum, onde passará a ter contato com outros presos da P2, conhecida por abrigar presos em casos de grande repercussão, como:
A partir daí, ele também poderá usufruir de um campo de futebol que é usado pelos internos.
Prisão
Robinho foi preso pela Polícia Federal por volta das 19h, nesta quinta-feira (21), no prédio em que morava no bairro Aparecida, em Santos, no litoral de São Paulo. O pedido de prisão foi expedido pela Justiça Federal de Santos, após os documentos da sentença serem homologados.
Depois, Robinho foi levado à sede da Polícia Federal. Posteriormente, ele foi submetido a uma audiência de custódia no fórum, passou pelo exame de corpo de delito no IML e foi encaminhado para a penitenciária.
A defesa de Robinho informou que vai entrar com recurso no STF pedindo que o caso seja encaminhado ao plenário do tribunal ou turma e defendeu a possibilidade de prisão apenas depois do trânsito em julgado, ou seja, quando não houver mais chances de recursos.
P2 de Tremembé
Na P2 de Tremembé, cumprem penas detentos como Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Lindemberg Alves e Gil Rugai. O local já recebeu também Mizael Bispo, que cumpriu pena por matar Mércia Nakashima, e Edinho, filho de Pelé.
A P2 de Tremembé tem capacidade para 584 presos entre o regime semiaberto e fechado, mas atualmente abriga 434. O local é dividido em dois pavilhões de regime fechado e um alojamento para os presos do semiaberto.
Mesmo no regime fechado, os presos podem trabalhar na unidade. Dentro da P2 funcionam fábricas de carteira e cadeiras escolares, fechaduras e de pastilhas desinfetantes para vaso sanitário, por exemplo.
Os presos também têm acesso a cursos de teatro e oficinas, como leitura e origami, e uma biblioteca equipada com mais de 7,5 mil títulos.
Decisão do STJ
O julgamento do pedido da Justiça Italiana pela Corte Especial do STJ começou por volta das 14h desta quarta-feira (20) e foi realizado remotamente. Os ministros do Superior Tribunal de Justiça votaram em três quesitos: a condenação, o regime e a aplicação.
Em maioria, decidiram pela condenação a 9 anos por estupro coletivo, em regime fechado e com homologação da decisão, ou seja, prisão imediata.
Os advogados de Robinho também ingressaram com um habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF), na manhã desta quinta-feira (21), para impedir a prisão até que se encerrem as possibilidades de recurso.
O ministro Luiz Fux foi sorteado relator do pedido e negou o pedido de liminar. No entanto, a defesa de Robinho entrou com novo recurso, em que solicita análise pelo plenário ou um colegiado com mais de um ministro.
Crime
O crime de violência sexual em grupo aconteceu em 2013, quando Robinho era um dos principais jogadores do Milan, clube de Milão, na Itália. Nove anos após o caso, em 19 de janeiro de 2022, a justiça daquele país o condenou em última instância a cumprir a pena estabelecida.
Robinho foi condenado após ter estuprado, junto com outros cinco homens, uma mulher albanesa em uma boate em Milão. A vítima, inclusive, estava inconsciente devido ao grande consumo de álcool. Os condenados alegam que a relação foi consensual.
Pedido da Justiça italiana
Robinho vive no Brasil, que impede a extradição de brasileiros natos para cumprimento de penas no exterior. Em novembro, o Ministério Público Federal (MPF) defendeu, em manifestação ao STJ, que ele cumprisse a pena em solo brasileiro.
Em fevereiro, o governo do país europeu apresentou um pedido de homologação de sentença estrangeira, que condenou o ex-jogador em novembro de 2017. O pedido foi encaminhado ao Ministério da Justiça ao Superior Tribunal de Justiça.
No conteúdo do processo, a defesa de Robinho alegou que a homologação da sentença viola a Constituição, já que a Carta Magna proíbe a extradição de brasileiro nato. Diante disso, para os advogados de Robinho, ele não deveria cumprir uma pena estabelecida por outro estado.