Oito policiais militares efetuaram 188 tiros de fuzil contra três suspeitos durante uma ação no Morro Nova Cintra em Santos, no litoral de São Paulo. Os números constam no boletim de ocorrência registrado após a atuação dos agentes pela 3ª fase da Operação Verão, que soma 56 mortes. Procuradas, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP) e a PM não se posicionaram até a última atualização desta reportagem.
Os PMs realizavam a operação contra a prática de ilícitos, no bairro Vila Progresso, na tarde do último sábado (30), quando, nas imediações das torres de energia, foram recebidos a tiros de pistola e fuzil. Um vídeo obtido pelo g1, nesta segunda-feira (1), mostra a ação dos agentes no local, onde é possível ouvir os disparos.
Os agentes revidaram contra os três suspeitos e 188 disparos foram efetuados. O policial que mais atirou fez 34 disparos, enquanto os demais deram 28, 25, 23, 23, 21, 19 e 15 tiros.
Após o confronto e buscas no local, nenhum dos suspeitos foi localizado e nem objetos que pudessem ser de interesse da polícia para apreensão. Nenhum dos policiais foi atingido, mas eles não tinham certeza se algum dos criminosos havia sido baleado.
O caso foi registrado na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos como disparo de arma de fogo e homicídio tentado. Os policiais do 5° Distrito Policial (DP) vão dar sequências às investigações.
Muitos disparos
Em 5 de março, também na Operação Verão, policiais militares efetuaram 41 tiros de fuzil durante uma ação no Morro do Macaco Molhado em Guarujá. Na época, a corporação informou que eram muitos criminosos atirando e, por isso, os agentes se organizaram e responderam com os disparos.
Na ocasião, o delegado titular da Delegacia Sede de Guarujá, Antônio Sucupira, em entrevista à TV Tribuna, apontou que os policiais usaram os meios necessários para fazer com que os disparos dos traficantes cessassem.
“É o momento [a decisão de atirar] e acreditamos que foi necessário para que os tiros contrários parassem”, disse Sucupira à época.
Operação Verão
A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista em dezembro de 2023. No entanto, com a morte do PM Samuel Wesley Cosmo, em 2 de fevereiro, o estado deflagrou a 2ª fase da ação com o reforço policial na região.
Em 7 de fevereiro, mais um PM foi morto, o cabo José Silveira dos Santos. Na ocasião, começou a 3ª fase da operação, que foi marcada pela instalação do gabinete de Segurança Pública em Santos e mais policiais nas cidades do litoral paulista. A equipe da SSP-SP manteve a sede na Baixada Santista por 13 dias.
A última morte confirmada foi a de Cesar Augusto de Jesus Santos, de 22 anos, durante um suposto confronto com policiais militares do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) no local conhecido como Beco das Almas, no bairro Vila Santa Rosa, em Guarujá.
A equipe de reportagem apurou que um dos PMs fez cinco disparos de fuzil, enquanto um segundo fez mais quatro disparos com outra arma, não especificada. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado por volta de 16h15 e constatou a morte no local.