Testemunhas e declarantes foram ouvidas pela manhã e tarde. Previsão é que tribunal do júri siga até a madrugada desta terça-feira, 2
Acontece desde a manhã desta segunda-feira, 1º, na 7ª Vara Criminal da Capital, no no Fórum do Barro Duro, em Maceió, o julgamento de Arnóbio Henrique Cavalcante Melo, acusado de assassinar a ex-companheira, Joana de Oliveira Mendes, com 32 facadas, dentro de um veículo no Conjunto Santo Eduardo, no ano de 2016.
Após oitiva de cinco entre as 16 pessoas arroladas como testemunhas e declarantes, o júri realizou pausa no final da tarde para se preparar para o interrogatório do réu. Antes disso, os declarantes da defesa foram todos dispensados.
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No início da noite, o júri foi suspenso temporariamente, depois do réu dizer que não aceitava mais Jacob Filho como seu advogado, que se disse surpreso com a atitude do réu. Juiz, promotor e o advogado de defesa se retiraram do salão do júri e foram conversar.
Quando um defensor público iria ser acionado pelo juiz Yulli Roter Maia para continuidade do júri, Arnóbio voltou atrás, mas se recusou a responder quaisquer perguntas. O interrogatório foi encerrado e iniciada na noite de hoje, a fase de debates entre acusação e defesa. A previsão é que o júri acabe no início da madrugada.
Testemunhas
Foram ouvidos no dia de hoje, Hudson Cavalcante, tio do réu; Danielle Paiva, amiga de longa data da vítima; Wolfran Cerqueira; Damiana Gouveia, a empregada doméstica que encontrou a faca usada no crime, na garagem da casa da família de Arnóbio; e, por fim, Júlia Mendes, irmã da Joana Mendes.
Acusação e defesa
Em entrevista à TVPontaVerde, o advogado Lucas Albuquerque, que atua como assistente de acusação, explicou que o objetivo é obter a pena máxima de 30 anos para o réu, que, segundo ele, teria premeditado o crime, e não agido de forma espontânea, no calor do momento.
“Ele disse que tinha sido assaltado, por isso levou a facada. Ou seja, a mentira permeia a pessoa de Arnóbio. Na verdade a gente sabe que ele é um psicopata que premeditou – a palavra é essa – todo o crime”, disse.
Um dos advogados de defesa, Jacob Filho, explicou antes do início dos trabalho que haveria uma reviravolta da perícia em relação a arma do crime, que, segundo a linha de trabalho, já estaria no carro de Joana.
“Ele é um verdadeiro psicopata. Não houve um fato isolado que fez com que ele matasse brutalmente a Joana, com mais de 32 facadas. Se a faca era de Joana, se a faca era de Arnóbio, se a faca estava no carro… Não importa. Uma pessoa comum, uma pessoa normal, não faria esse tipo de crime brutal”, respondeu Lucas Albuquerque a respeito da versão apresentada.
Já em entrevista à TVPajuçara, outro advogado do réu, Briann Wingester, contou que a defesa tem objetivo de uma penalização dentro dos limites penais.
“A defesa não tem pretensão de negar o óbvio. O réu é confesso. A defesa vai trabalhar nas circunstâncias do crime. Ninguém vai pleitear clemência ao réu, ou uma tese absurda”, explicou o defensor.
Problemas no Júri
O assistente de acusação, Roberto Moura, em entrevista à TVPajuçara contou que existe uma sensação de tentativa de tumultuar e de construção de nulidade para o Tribunal do Júri por parte da defesa.
“Estamos sentindo, por algumas vezes, algumas tentativas de tumultuar o plenário do Júri. Nós percebemos com muita preocupação a ameaça feita pelo advogado de defesa ao promotor Vilas Boas. Percebemos também uma tentativa de construir uma nulidade, solicitando a retirada da mídia. Percebendo também estas tentativas, nós não nos opusemos, porque a todo momento há tentativas de construir nulidades. Tentativas estas que já procrastinaram muito este tribunal do júri, que hoje será julgado, e, sem sombra de dúvidas, teremos justiça”, afirmou.
Sobre o episódio citado, ele explicou: “Ao que nos apareceu foi que o advogado não gostou de algumas palavras ditas pelo promotor e ameaçou, inclusive verbalmente, bater no promotor. De imediato o advogado se acalmou. Um colega da banca também pediu para que ele também tivesse mais calma. E depois ele se desculpou perante o promotor. Mas percebemos estas tentativas de retirar o foco do julgamento de Arnóbio Henrique Cavalcante Melo, pelo crime de feminicídio, por meio cruel. Uma tentativa de emboscada, há traição, porque a chamou para fazer um acordo… E diante desses fatos, foquemos no essencial: fazer justiça perante a memória e vida de Joana Mendes”, concluiu Roberto Moura.
Uma das irmãs de Joana Mendes, Juliana Mendes, que mora na cidade de Viçosa, em Minas Gerais, para onde a vítima pretendia se mudar e recomeçar a vida, com os dos filhos, gravou vídeo falando sobre as expectativas da família. Confira:
Sobre o caso
Segundo o inquérito policial, Arnóbio Henrique atraiu Joana para um encontro sob o pretexto de assinar o divórcio e negociar a pensão do filho do casal e a matou com mais de 30 facadas – a maioria no rosto – dentro do veículo da vítima, no Santo Eduardo. Após o crime, o assassino voltou para casa e para justificar o sangue alegou ter sido vítima de um assalto. Na casa do assassino, a polícia apreendeu a arma do crime.
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