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Ao menos 15 pessoas são feridas por águas-vivas durante torneio de bodyboarding em praia no Ceará

Praia do Mucuripe aparece lotada de águas-vivas em Fortaleza — Foto: Fabiane de Paula/SVM

Pelo menos 15 pessoas sofreram lesões por causa de águas-vivas durante o último fim de semana na Praia da Taíba, situada no município de São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Fortaleza. Este foi o número de pessoas que buscaram atendimento na Unidade Básica De Saúde Walter Ramos Araújo entre a sexta-feira (29) e o domingo (31).

Conforme a Prefeitura, 11 pessoas dentre estes pacientes eram atletas que estavam na primeira etapa do Circuito Brasileiro Master de Bodyboarding 2024, evento que aconteceu na praia entre a sexta e o domingo, atraindo competidores de todo o país.

Das outras quatro pessoas que buscaram a unidade, duas eram moradores locais e duas eram banhistas que visitavam a praia, segundo a Prefeitura.

Pelo menos outros dois participantes da competição de bodyboarding tiveram lesões mais graves e foram levados até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pecém. Uma delas foi Bia Jesus, de 38 anos, que pratica bodyboarding no mar há mais 20 anos e é vice-campeã cearense da modalidade.

Em entrevista ao g1, a atleta explicou que acompanhou o evento sem competir e que entrou no mar algumas vezes durante os intervalos. Nos anos de experiência, ela já tinha sofrido lesões por água-viva, mas sempre com consequências leves, como a sensação de ardência na pele.

No começo da tarde, ela teve o contato com uma espécie que não conhecia. Até então, era acostumada a ver a ‘caravela portuguesa’. Assim, a atleta admite que subestimou o perigo neste domingo, mesmo tendo tido contato com águas-vivas durante a manhã.

“À tarde, assim que eu entrei no mar novamente, eu senti que uma grudou na minha perna. E eu passei a mão, e ela não saiu. Eu tive que pinçar, puxar realmente, arrancar ela da minha pele. E aí exatamente na hora que eu tirei, eu comecei a sentir náusea”, relata Bia.

Ao sair da água, a atleta vomitou bastante. Ela chegou a passar vinagre na pele, seguindo um procedimento recomendado após o contato com água-viva.

Bia acreditava que ficaria melhor depois disso, mas logo passou a ter uma sensação de aperto nas costas e no peito, começando a ter dificuldades para respirar.

“Quando eu me vi, eu já estava sem forças para conseguir me sustentar mesmo. Eu não tava conseguindo mais respirar. E aí foi quando o pessoal da organização e os meus amigos me levantaram no braço. E aí pronto, eu já apaguei, não lembro mais de nada. Quando eu acordei, já estavam colocando o oxigênio dentro da ambulância”, conta.

Mesmo com o auxílio do oxigênio, Bia relata que ainda respirava com muito esforço. A ambulância levou a atleta até a UPA do Pecém, onde ela relata ter sido atendida de forma muito eficaz e rápida.

A atleta deu entrada na unidade no início da tarde, foi medicada e ficou em observação até ser liberada por volta das 19 horas.

Conforme relatou nas redes sociais, os profissionais de saúde disseram que ela teve um choque anafilático, que é um tipo grave de reação alérgica. O contato dos tentáculos das águas-vivas com a pele libera toxinas e pode causar lesões, ardência e dores intensas.

Segundo Bia, a rapidez com que ela foi levada à unidade e a eficiência dos profissionais de saúde foram fatores decisivos. Agora, ela passa bem e ficou apenas com uma marca na pele no lugar do contato com o animal.

Ela lembra que outro rapaz que estava na competição chegou a ser levado para a UPA no domingo e também ficou bem após o atendimento.

Depois do susto, veio a lição para não mais pensar que o contato com as águas-vivas não seria tão perigoso assim.

“Para o pessoal que surfa, a gente está tendo dias com boas ondas. Então o pessoal quer entrar no mar, aproveitar… Mas tem que tomar cuidado, as pessoas não imaginam que sejam tão agressivas as toxinas dela [da água-viva]. Então realmente, tem que se proteger e evitar esse contato nessas praias onde estão aparecendo”, recomenda a atleta.

Como evitar riscos
A recomendação do Corpo de Bombeiros, que acompanha as ocorrências com esses animais aquáticos, é que a pessoa que teve queimadura pelo contato com a água-viva lave o local com água salgada e nunca água doce, pois pode potencializar a queimadura.

Já a Guarda Municipal recomenda que as pessoas evitem entrar na água caso perceba a presença de águas-vivas.

Veja orientações do Corpo de Bombeiros para prevenir acidentes com águas-vivas:

Esteja sempre em área protegida por guarda-vidas;
Pergunte ao bombeiro sobre as condições da água e se há presença de águas-vivas. Se houver, evite entrar no mar;
Saia da água imediatamente ao avistar águas-vivas;
Evite entrar no mar sozinho ou à noite;
Não toque nos animais, mesmo aqueles que estejam aparentemente mortos na areia da praia.
Se você for queimado, saia imediatamente da água e lave o local apenas com água do mar, sem esfregar as mãos na área afetada.
A única outra substância recomendável para se colocar na área atingida é o vinagre, que neutraliza a ação da toxina.
Nunca toque nos animais, nem mesmo naqueles que estejam mortos na areia da praia.
Caso haja grande área de queimadura, ou se surgirem sintomas como vômitos, náuseas, cãibras musculares ou dificuldade para respirar, é recomendado que se busque uma unidade de saúde para tratamento específico.