Futebol

Quantas mulheres e pessoas negras trabalham no seu clube?

Torcedora negra do Flamengo segura imagem de Vinicius Jr. em jogo contra o Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 2023 no Maracanã. Créditos: Getty

Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho permitem que torcedores de todos os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro possam saber o peso feminino e das pessoas negras na força de trabalho das instituições, além da diferença salarial entre homens e mulheres.

As informações foram fornecidas pelos próprios clubes, levando em conta os empregados que tinham em dezembro de 2022.

Todo empregador privado com mais de 100 funcionários deve seguir a Lei 14.611/2023 e fornecer esses dados.

A primeira edição do “Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios” foi publicada em 25 de março passado, e os empregadores, incluindo os clubes, tinham até 31 de março para divulgarem seus dados na Internet.

Entre os 20 clubes da Série A, o blog encontrou nos sites os dados de apenas sete times.

Mas é possível com uma ferramenta no site pesquisar, através do CNPJ, as informações de todos os clubes da elite nacional.

Nos clubes de futebol, a participação feminina no quadro de funcionário é bem menor do que a média nacional de empresas privadas.

O Athletico-PR é o que tem maior força de trabalho com mulheres: 35,3%, pouco abaixo da média nacional de 39,6%.

Além do time curitibano, só o Fluminense ultrapassa a marca dos 30%.

Criciúma (8,3%) e Juventude (7,2%) são os piores no quesito.

Em todo o Brasil, 17% dos trabalhadores do setor privado são mulheres negras. Entre os clubes com dados disponíveis, só Fortaleza, Bahia, Vitória e Cruzeiro ultrapassam essa barreira.

No Grêmio, só 4,4% da força de trabalho é composta por mulheres negras.

Novamente Juventude (0,9%) e Criciúma (0%) são os lanternas.

Já entre os homens negros os resultados são melhores.

No geral, 28% dos trabalhadores brasileiros em empresas privadas são homens negros.

Os times nordestinos ficam muito acima desse patamar. No Vitória, 81,5% dos funcionários são negros. No Bahia, 75,6%. No Fortaleza, 72,4%.

Abaixo da média nacional estão Flamengo, Internacional, Grêmio, Athletico-PR, Juventude e Criciúma.

Com os salários altos dos jogadores do time masculino, os clubes brasileiros fazem feio na comparação do salário entre homens e mulheres.

No país todo, a remuneração das mulheres equivale a 80,6% dos homens.

Entre os clubes com dados disponíveis, só São Paulo (89%) e Athletico-PR (82,9%) estão acima disso.

Em 16 clubes, o salário das mulheres não chega a metade do obtido pelos homens.

No relatório, o Ministério Público deu espaço para as empresas, incluindo os clubes, explicarem os motivos das diferenças por sexo e raça.

Só o Internacional se manifestou.

O clube gaúcho diz que o “relatório foi feito de forma automatizada, “sem a devida análise e correta parametrização das suas informações como, por exemplo, comparativo de funções e cargos equivalentes na estrutura funcional das instituições. Assim, desconsidera por completo as peculiaridades das relações contratuais inerentes aos clubes de futebol e suas atletas”.

O Inter diz que ao “desconsiderar os atletas”, mantém a “devida equidade salarial entre homens e mulheres no seu quadro administrativo operacional, técnico e de especialistas atuando nos mesmos cargos”.

Os rankings: mulheres, negros e salários nos clubes do Brasil
Participação das mulheres no total de funcionários

Athletico-PR – 35,3%

Fluminense – 32,9%

Atlético-GO – 26,7%

Flamengo – 26,2%

Corinthians – 26,1%

Cruzeiro – 24,9%

Palmeiras – 24,3%

Atlético-MG – 21,4%

Grêmio – 21,1%

Fortaleza – 21,1%

Internacional – 20,7%

Botafogo – 20,5%

Vasco – 19,9%

Cuiabá – 19,6%

Bahia – 18,8%

Vitória – 18%

Bragantino – 16,7%

São Paulo – 15%

Criciúma – 8,3%

Juventude – 7,2%

Participação das mulheres negras no total de funcionários (em $)

Fortaleza – 19,9%

Bahia – 18,1%

Vitória – 17,6%

Cruzeiro – 17,2%

Botafogo – 15,5%

Fluminense – 15%

Atlético-MG – 12,9%

Corinthians – 10,8%

Vasco – 8,5%

Flamengo – 8,2%

São Paulo – 7,8%

Palmeiras – 7,4%

Internacional – 7,4%

Bragantino – 6,9%

Atlético-GO – 6,7%

Cuiabá – 6,5%

Athletico-PR – 5,8%

Grêmio – 4,4%

Juventude – 0,9%

Criciúma – 0%

Participação dos homens negros no total de funcionários

Vitória – 81,5%

Bahia – 75,6%

Fortaleza – 72,4%

Botafogo – 58,5%

Vasco – 58,2%

Atlético-MG – 49,5%

Cruzeiro – 41,8%

Bragantino – 41,2%

Atlético-GO – 40,0%

São Paulo – 37,6%

Fluminense – 36,1%

Cuiabá – 34,8%

Palmeiras – 32,6%

Corinthians – 29,6%

Flamengo – 24,7%

Internacional – 20,6%

Grêmio – 17,2%

Athletico-PR – 8,3%

Juventude – 0%

Criciúma – 0%

Quanto salários das mulheres equivale ao dos homens (inclui descontos e acréscimos)

São Paulo – 89,3%

Athletico-PR – 82,9%

Flamengo – 55,9%

Corinthians – 52,4%

Grêmio – 49%

Juventude – 47,2%

Criciúma – 45,2%

Vasco – 40,8%

Palmeiras – 40,3%

Internacional 36%

Atlético-MG – 34,2%

Vitória – 33,6%

Atlético-GO – 32,7%

Cruzeiro – 31,6%

Botafogo – 28,5%

Cuiabá – 27,3%

Fluminense – 25,3%

Bahia – 25%

Bragantino – 22,7%

Fortaleza – 18,5%