Esporte

‘Relatório-bomba’ enviado ao Corinthians tem dívida de R$ 2,1 bilhões, SAF e até recuperação judicial como ‘remédio amargo’

O relatório final produzido pela Ernst & Young, multinacional contratada pelo Corinthians para consultoria e planejamento estratégico, deve levar mais alguns dias para ser publicado.

Como apurou a ESPN nesta quarta-feira (8), o estudo detalhado produzido pela empresa foi apresentado nesta semana à diretoria alvinegra, mas ainda será validado em nova reunião com os cartolas nos próximos dias. Com isso, a chamada “semana da transparência” também passará para uma nova data.

O planejamento do Timão era de que o relatório da Ernst & Young fosse apresentado ao público em uma ação em conjunto com diretorias importantes do clube como a financeira e o marketing.

Segundo soube a reportagem, documento que chegou à mão do corpo diretivo alvinegro aponta um endividamento total de cerca de R$ 2,1 bilhões, sendo R$ 500 milhões a mais em relação ao projetado no último balanço financeiro publicado pela gestão Duílio Monteiro Alves.

Entre os caminhos apresentados pela Ernst & Young ao Corinthians está o de uma recuperação judicial, que é uma previsão legal para empresas em situação de crise econômico-financeira. O documento da consultoria, inclusive, trata o quadro do clube como “insolvente”.

Isso, segundo apurou a ESPN, foi apontado a dirigentes alvinegros como o “remédio amargo” possível diante da grave crise financeira.

Há ainda, entre outras sugestões apresentadas, a transformação do Corinthians em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol).

O modelo tradicional de organização no Brasil é a associação civil sem fins lucrativos, com as eleições de seus presidentes determinadas pelos próprios estatutos.

Quando o formato de empresa passa a ser adotado, isso habilita a possibilidade de haver um investidor para essa SAF, que passa a ser o proprietário (majoritário ou não) das ações. Na prática, o clube passa a ter um dono.

Além disso, a legislação aplicada à SAF ainda prevê alterações quanto à tributação, normas de governança e regras de adequação financeira, além de obrigações mais rígidas quanto ao pagamento de dívidas de natureza civil e trabalhista, que passam a ter um prazo que poderá chegar a dez anos para a quitação, dependendo de regras específicas.

Ainda segundo apurou a reportagem, o Corinthians indicou à Ernst & Young o desejo de que o caminho seguido fosse semelhante ao adotado pelo Flamengo na gestão Eduardo Bandeira de Mello, quando coube à multinacional britânica traçar o planejamento estratégico para recuperação financeira do clube.

Caso a decisão da diretoria alvinegra seja de não aderir à recuperação judicial, o projeto tende a caminhar para um formato semelhante ao traçado pelo Rubro-Negro há uma década: ganho de caixa no curto prazo e alongamento da dívida.

A ESPN soube ainda que o relatório final da Ernst & Young recomendo ao Corinthians a função de um CEO (Chief Executive Officer, em inglês), que na prática opera como um diretor-executivo.

“Fim da farra” gerou desconforto

Ainda segundo apurou a ESPN, a postura alvinegra no mercado de contratações em 2024 não teve “aval” da consultoria. Pelo contrário: foi ponto de desconforto entre a empresa e Rubens Gomes, o Rubão, antigo vice-presidente de futebol.

A Ernst & Young se posicionou contra o investimento superior a R$ 100 milhões em reforços feito pelo clube entre janeiro e fevereiro.