A criança de sete anos que morreu de desnutrição nesta sexta-feira (7) em Lagoa Santa, na Grande Belo Horizonte, passou seis dias sem se alimentar nas últimas semanas e chegou a comer comida de cachorro. As informações foram passadas à polícia.
O menino deu entrada na Santa Casa de Lagoa Santa na sexta em situação de “pele e osso”. A mãe, de 27 anos, e o padrasto, de 19, foram presos em flagrante pela Polícia Civil, por maus tratos com agravante de ser menor de 14 anos com resultado em morte.
A criança morava com o casal e, à polícia, o padrasto confessou que deixava o menino sem comer por dias como castigo, porque ele “se alimentava demais”, “que a comida era pouca” e “que não sobrava para as outras crianças”. Contou que não o levou para o hospital por medo de ser preso.
A mãe disse aos policiais que “não gosta de falar sobre o caso” e disse, sem dar detalhes, que já viu o menino se alimentando de comida de cachorro.
Um vizinho contou à polícia que ficou um tempo com a vítima e com os outros três filhos da mulher e que estavam todos muito magros.
Disse que chegou a procurar o padrasto, dizendo que iria levar a criança que morreu ao hospital, porque a situação dele era pior. O homem respondeu pedindo que não fizesse isso, porque “o menino era alérgico” e que estava sendo bem tratado.
No último dia 22, ainda segundo o depoimento do vizinho, o padrasto disse que o menino estava há seis dias sem comer, que estava vomitando e tomando remédio. A testemunha disse que orientou levar o menino à escola, porque lá iria comer; entretanto, o homem respondeu que ele não se alimentava porque estava doente.
O vizinho ainda disse que a criança que morreu estava muito fraca e que, com muito esforço, a ouviu dizendo que estava com medo de ficar de castigo de novo, porque “havia comido muito e que precisava vomitar”.
O vizinho tentou tranquilizá-lo, mas que o menino repetia que estava com medo, aparentando estar traumatizado.
Depois disso, o vizinho disse que recebeu uma mensagem do telefone da mãe pedindo para que os filhos dela voltassem para casa. Ele não sabia se a remetente realmente era a mulher ou se era o padrasto, com o aparelho dela. A testemunha completou dizendo que, enquanto as crianças estavam com ele, todos se alimentaram e foram para a escola.
O vizinho detalhou que, ao dar banho, conseguia ver a veias, costelas e o coração da criança palpitando. Disse que souberam por meio de outros vizinhos que ele havia morrido.