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Dona de clínica usou carimbo falso em receita para influencer que morreu após procedimento, denuncia médica

Grazielly da Silva Barbosa e a receita dada por clínica em que ela atuava, em Goiânia — Foto: Reprodução/Globo

A médica Eny Aires se revoltou ao descobrir que o registro dela foi colocado em um carimbo usado em uma receita da clínica em Goiânia onde uma influenciadora fez procedimento e morreu. Aline Ferreira pagou R$ 3 mil para realizar o procedimento com Grazielly da Silva Barbosa. A polícia informou que, ao todo, deveriam ter sido realizadas três sessões de aplicação do polimetilmetacrilato (PMMA), mas Aline morreu após a primeira sessão.

“Esse CRM [usado por ela] é antigo. Eu tenho quase 20 anos de formada, formei em 2005. Meu CRM foi falsificado, eu nem conheço essa pessoa, nunca nem a vi”, disse a médica.

“Estou arrasada, triste, nervosa. Um turbilhão”, disse a médica.

 

A médica registrou um boletim de ocorrência nesta sexta-feira (5) por falsificação de documento particular. A profissional atua no Hospital Municipal de Santa Madalena, em uma UPA 24h em Campos Belos de Goiás e no Hospital Municipal Anjo Rodrigues Galvão.

g1 solicitou um posicionamento à defesa da investigada, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. Também foi feito contato com a clínica por telefone em busca de um posicionamento, mas ninguém atendeu.

Grazielly Barbosa foi presa pela Policia Civil na quarta-feira (3). Na quinta-feira (4), a Justiça homologou o flagrante e decretou a prisão preventiva dela.

Eny Aires reforçou que não conhecia a vítima ou a suspeita do crime e que a dona da clínica alterou os dados do nome e número do registro. Além disso, a médica afirmou que nomes de medicamentos foram escritos de forma errada e que o uso de caneta vermelha não é feito em documentos emitidos por médicos – veja abaixo carimbo da médica e receita dada por dona da clínica.

Carimbo foi mostrado pela médica Eny Aieres para mostrar os dados corretos. Receita com os dados de Eny Aires foram usados por clínica de Grazielly da Silva Barbosa, presa após a morte da influencer; — Foto: Reprodução/Globo

A delegada Debora Melo informou que a dona da clínica se apresentava como biomédica. No entanto, a mulher nunca cursou Biomedicina e não apresentou nenhum diploma de curso superior.

Segundo a polícia, Grazielly informou ter feito cursos livres na área da estética e cursado três semestres de medicina no Paraguai. No entanto, nenhum certificado, diploma ou forma de comprovação foram apresentados.

Em relação à clínica, a Vigilância Sanitária identificou que o local não possuía alvará sanitário nem profissional com habilitação técnica responsável. Além disso, a delegada contou que não foram encontrados prontuários de pacientes atendidos pela clínica no local.

“Lá não tinha prontuário de paciente nenhum. A pessoa pagava, fazia o procedimento e ia embora. Não eram requisitados exames prévios e não tinha contrato de prestação de serviço formalizando a relação entre o prestador e o consumidor”, explicou Débora Melo.