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MP denuncia pai de santo pelo abuso sexual de mais seis adolescentes no RS; religioso já é réu por outros cinco casos

Casos teriam ocorrido em Viamão. Cleber Otavio Silva da Silva está preso preventivamente desde maio. Defesa não quis se manifestar sobre denúncia.

Pai de santo Cleber Otavio Silva da Silva, preso em Viamão. Créditos: Reprodução

O Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul denunciou o pai de santo Cleber Otavio Silva da Silva, de 45 anos, por abuso sexual contra seis adolescentes em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O religioso já é réu por outros cinco supostos casos de estupro contra menores de idade.

A denúncia foi encaminhada ao Judiciário nesta sexta-feira (19). Cleber Otavio está preso preventivamente desde maio. Ao g1, a defesa do pai de santo disse que não deseja se manifestar.

Segundo o MP, o religioso foi denunciado também pelos crimes de ameaça e pornografia infantil. Os crimes teriam acontecido entre 2017 e maio deste ano, com adolescentes entre 13 e 15 anos de idade.

“O caso é gravíssimo, envolve pedofilia, pornografia infantil e já com 11 vítimas menores de idade identificadas. Vamos trabalhar pela condenação dos acusados e aplicação de penas severas para repressão deste tipo de delito”, diz a promotora Paula Bittencourt Orsi.

O segundo acusado é o companheiro do pai de santo, que não teve o nome divulgado. O homem foi denunciado por envolvimento direto em pelo menos dois dos novos casos. O homem, que também está preso, já respondia pelo suposto abuso de outras quatro pessoas, no primeiro processo.

Investigação
Segundo a investigação da Polícia Civil, o pai de santo se aproveitava da posição de religioso para se aproximar de crianças em situação de vulnerabilidade e estuprá-las. Ele fazia trabalho voluntário em abrigos na Região Metropolitana de Porto Alegre.

O réu também produzia e distribuía material pornográfico infantil na internet com elas, além de organizar orgias. Após a divulgação, chantageava as vítimas para que elas não denunciassem.

“É uma coisa doentia. Além de produzir as imagens, ele divulgava. Ele repassava, ele tinha comunidades, grupos de WhatsApp, onde ele marcava encontros sexuais. Ele tinha toda uma identificação e um comportamento voltado para esse tipo de coisa”, disse a delegada Marina Dillenburg, responsável pela investigação.

Segundo a Polícia Civil, o homem visava aquelas que estavam em situação de vulnerabilidade social, principalmente em abrigos. Após a aproximação, começavam os abusos, de acordo com a delegada.

“Ele se colocava como guru dessas crianças e ele fazia uma chantagem. Ele dizia que, se elas não se submetessem a esses abusos, então ele, de alguma forma, faria com que algum mal acontecesse para os familiares delas, para as pessoas que elas gostavam”, afirmou a delegada Marina.
O caso foi descoberto quando uma dessas crianças, de 11 anos, denunciou o pai de santo. Ela apresentou mudanças de comportamento em um abrigo de acolhimento institucional, que atende menores de idade afastados da família por determinação judicial, de acordo com uma assistente social do espaço.

“Agressividade, comportamento hostil, mudança de comportamento. A criança está bem, daqui a pouco ela tem um ‘sopetão’ de agressividade. Esse foi o principal alerta que a gente teve”, contou Cida de Jesus, coordenadora de abrigos no município.

O caso chegou à Polícia Civil, que começou a investigar. A apuração indicou que o pai de santo cometia os crimes há pelo menos 10 anos.

“Ele submetia essas crianças, além dessa tortura física, sexual, ele também fazia tortura no sentido de que eles tinham que passar por sessões religiosas e de curas”, relatou a delegada.
Além disso, ele tentava adotar as crianças com o objetivo de conseguir a guarda definitiva delas, de acordo com a polícia.

A Polícia Civil também identificou dois integrantes de um grupo na internet usado pelo pai de santo para divulgar conteúdo pornográfico infantil e organizar orgias com crianças e adolescentes.