Atacante sofreu diversas ameaças de facções de tráfico de drogas da cidade, que não desejavam seu retorno ao clube que foi revelado
O meia-atacante argentino Di María revelou que sua irmã recebeu em sua casa uma caixa com uma cabeça de um porco e uma bala na testa, junto a uma mensagem avisando que, se ele voltasse ao Rosário Central, a próxima cabeça seria de sua filha Pía. Nos últimos meses, o Rosário Central, clube onde Di Maria foi revelado, negociou o retorno do astro, que era favorável ao projeto. No entanto, ele desistiu da ideia devido à gravidade das ameaças contra ele e sua família.
Rosário Central é a cidade com a situação de violência mais grave atualmente na Argentina, em razão da ascensão de facções de tráfico de drogas. Di María já fez declarações citando preocupações com as altas taxas de homicídio, o que teria suscitado as ameaças que ele vem sofrendo. Assim, as hostilidades não teriam ligação com questões de torcidas organizadas de futebol, conforme a própria polícia argentina já afirmou, mas sim com o contexto de violência urbana local.
A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, chegou a classificar o caso de ameaças contra Di Maria como “narcoterrorismo”. No início do ano, ela disse que mantinha conversas com a família do jogador, a fim de tranquilizá-los com a apresentação de ações do governo para melhorar a situação da cidade. Mas em Abril o jogador oficializou sua decisão de não voltar ao time onde foi revelado
Nesta terça, ao jornal Olé, principal mídia esportiva da Argentina, Di María respondeu que sua esposa, Jorgelina, e suas filhas estavam entusiasmadas com a ideia da mudança. Os planos de mobiliar a casa e matricular as crianças na escola já estavam sendo tomados.
Em relação ao clube, o contrato já estava alinhado. Mas o jogador afirmou que as ameaças “ultrapassaram os limites”.
— Eu tinha tudo pronto para voltar, mas as ameaças ultrapassaram todos os limites. Deixaram uma caixa com uma cabeça de porco e uma bala na testa, junto com uma nota dizendo que, se eu voltasse, a próxima cabeça seria da minha filha Pía — explicou o jogador ao Olé, que disse que o caso não foi denunciado pela sua irmã por medo.
Ele diz que ainda mantém o desejo de se aposentar no Rosário Central, no futuro.
— Sempre quis jogar no Central e me aposentar com essa camisa. E vou continuar dizendo isso todas as vezes que me perguntarem, porque é o que sinto e sempre sonhei. Era o momento certo depois de me despedir da Seleção, mas não aconteceu. As meninas contavam os dias para viver com os avós. Nós quatro sofremos mais, porque antes de ser o sonho de qualquer torcedor, era o meu sonho e o da minha família.
O presidente do Rosário Central, Gonzalo Belloso, insistiu até o último minuto, afirmou Di María.
— O clube tentou me convencer com mensagens e conversas com a pessoa que cuida das minhas coisas. Mas não era uma questão econômica ou esportiva, era mais do que isso, eram ameaças à minha família que superaram qualquer coisa. Só ver o nome da minha filha em um cartaz e o que mandaram na caixa já superava qualquer coisa que eu poderia fazer. Foram meses horríveis em que só pensávamos e chorávamos todas as noites por não poder cumprir o sonho.