O Comando Vermelho, principal facção criminosa em atuação no Rio de Janeiro, recrutou ‘zeladores do crime’ para evitar a demolição de prédios irregulares construídos na região do Parque União, no complexo da Maré. A tática foi revelada à CNN por fontes da Polícia Civil.
Os policiais ouvidos pela CNN desconfiam que a estratégia tenha tido o auxílio de advogados, porque prevê um embasamento jurídico mais refinado para, só assim, ser efetiva.
Na prática, os ‘zeladores do crime’ são na verdade pessoas pobres, em geral sem emprego formal, que são recrutadas pela facção criminosa para ocupar um apartamento de prédios construídos pelos bandidos mas que entraram na mira da polícia.
São cerca de 300 apartamentos em vários edifícios irregulares, erguidos com objetivo de locação ou venda, aumentando o rendimento e ampliando a atuação dos chefes do tráfico do Comando Vermelho.
Ao se instalarem nesses apartamentos como moradores, os ‘zeladores do crime’ evitam uma demolição expressa, uma vez que a presença de pessoas morando no imóvel, exige um processo judicial de reintegração de posse e desapropriação, que é mais demorado e burocrático.
Ao chegar na região do Parque União na manhã desta terça (20), os policiais encontraram prédios com apenas uma unidade ocupada: uma família ou uma pessoa morando. Assim, as máquinas tiveram que parar e não puderam derrubar as paredes de concreto.
A operação coordenada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) chegou a seu quarto dia nessa terça. Em nota, a polícia afirma que já ‘descaracterizou’ 11 prédios e que ‘as investigações apontam que a comunidade do Parque União vem sendo utilizada há anos, por meio da construção e abertura de empreendimentos, para lavar o capital acumulado com o comércio de drogas’. Eles dizem ainda que os agentes apuram ‘a participação de funcionários de órgãos representativos da comunidade no esquema’.