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Como vivia a mulher mantida em cativeiro pelo tio por 10 anos

A mulher mantida em cárcere privado pelo tio por quase 10 anos sofreu diversas violências durante o período em que viveu sob o poder do suspeito. A jovem foi libertada após uma operação da Polícia Civil do Espírito Santo, na sexta-feira (20), na cidade de Jucuruçu, no extremo sul da Bahia.

Desaparecida desde 2015, ela foi encontrada em um cativeiro localizado em uma área de difícil acesso. A vítima entrou em contato com a família através de uma rede social e pediu socorro.

Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público do Espírito Santo, que lideraram a operação, há oito meses o suspeito de 43 anos teria dado um celular à vítima e, pelo aparelho, ela solicitou o resgate.

Um vídeo mostra o momento emocionante do reencontro da moça com o pai após o resgate. As imagens foram registradas pela Polícia Civil do Espírito Santo (PC-ES).

Além de libertar a vítima, a polícia apreendeu no local usado como cativeiro três armas de fogo de fabricação caseira, incluindo uma calibre 12 e um revólver calibre 38, além de munições e documentos falsos. As armas não possuem autorização legal.

As violências relatadas pela vítima aos órgãos investigadores foram:

  • A jovem teria começado a ser coagida em 2014, quando o suspeito cometeu o primeiro abuso sexual contra ela ao descobrir que mantinha “paqueras” na escola.
  • Foi sequestrada aos 15 anos em Rio Bananal, no norte do Espírito Santo, e levada para Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia. Na época, ela deixou uma carta para a família.
  • Ao chegar a Bahia, passou a ser deixada trancada em casa.
  • Suspeito dizia que se ela tentasse fugir, mataria ela e a família.
  • Desde então, só saía de casa acompanhada do suspeito e era vigiada todo o tempo.
  • Ele não permitia que ela fosse à escola.
  • O suspeito monitorava conversas ocasionais dela com outras pessoas.
  • Tio e sobrinha viajavam apenas de carro, nunca de ônibus.
  • Por conta dos abusos sexuais, ela engravidou dele, mas o bebê morreu 21 dias após o nascimento.
  • Ela foi levada pelo suspeito para outras cidades, como Vitória, no Espírito Santo, e depois para Jucuruçu, onde chegou com 18 anos.
  • Era obrigada a trabalhar na roça e o suspeito lhe dava R$ 100.
  • Era constantemente agredida fisicamente.
  • Nunca teve aparelho telefônico e só teve acesso a um há oito meses.

Apesar da operação policial, o suspeito conseguiu fugir para a mata ao notar a chegada dos agentes. As buscas pelo homem continuam.

A polícia pede que qualquer informação sobre o paradeiro dele seja comunicada pelo Disque Denúncia 181, com garantia de sigilo.

Na operação, as equipes realizaram campanas na região para identificar o cativeiro e cercaram o local.

“O criminoso conhecia muito bem a área e, apesar de ser perseguido pelos policiais por um longo período, conseguiu evadir. Continuamos as buscas para capturá-lo”, explicou Fabrício Lucindo, delegado da 16ª Delegacia Regional de Linhares, no Espírito Santo.

A operação foi liderada pela Polícia Civil do Espírito Santo (PC-ES), por meio da Superintendência de Polícia Norte e da 16ª Delegacia Regional de Linhares, com o apoio da Delegacia de Polícia (DP) de Rio Bananal e do Promotoria de Justiça de Rio Bananal. De acordo com a PC-ES, a Polícia Militar da Bahia apoiou a operação.