Zona da Mata

Projeto do Ministério Público permite volta dos Papagaios Chauás à Zona da Mata alagoana 30 após extinção

Passados cerca de 30 anos, novamente pode se ver o Papagaio Chauá de volta à Zona da Mata. Como parte do Plano de Ação Estadual para a Conservação do Chauá, uma iniciativa do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) em parceria com várias instituições e a Usina Coruripe, a ave começou o seu processo de reintrodução ao habitat natural nesta terça-feira (24), quando 20 indivíduos chegaram à Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) para um período de readaptação à natureza. Em janeiro de 2025, eles deverão ganhar asas para viver novamente em liberdade.

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Volta dos Papagaios Chauás à Zona da Mata alagoana

O Plano de Ação Estadual para a Conservação do Chauá é uma iniciativa das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, cujas atribuições são desenvolvidas pelos promotores Alberto Fonseca e Lavínia Fragoso. A unidade de conservação (UC) criada por iniciativa da Usina Coruripe foi a escolhida por ser área de Mata Atlântica preservada, reunindo, assim, o ambiental ideal para a futura soltura dos animais. “Esse é um programa executado com inúmeros parceiros, que se uniram ao MP alagoano. Temoso Instituto do Meio Ambiente, do Instituto para Preservação da Mata Atlântica, o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), O Batalhão de Polícia Ambiental, a Universidade de São Carlos, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e a Usina Coruripe. É muita gente envolvida para que possa ver de volta o Papagaio Chauá voando aqui no litoral sul do estado de Alagoas. São mais de 30 anos que se via essa realidade, por isso, estava extinto por aqui. Ver esse início de reintrodução acontecendo muito nos orgulha”, afirmou Alberto Fonseca.

Para o pesquisador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo Luiz Fábio Silveira, neste terça-feira, Alagoas deu um passo muito importante para a conservação da espécie: “O fato da gente trazer esse grupo de 20 Papagaios Chauás pra cá representa, na verdade, a última etapa do processo de reintrodução. São aves que vieram de apreensão, de maus tratos, de tráfico de animais e que foram reabilitadas em SP. Então, vão ficar aqui por cerca de três, quatro meses, nesse viveiro grande e especialmente construído para recebê-las, de modo que possam fortalecer a musculatura de voo. Só então, depois desse processo, já sintonizadas com a floresta, poderão ser soltas, poderão ser devolvidas à natureza para, finalmente, cumprirem o seu papel ecológico”, explicou o professor doutor.

“Esse projeto é muito importante para a Usina Coruripe porque está dentro da nossa filosofia, do nosso DNA. A empresa preserva essa mata há muitos anos e tem respeito ao meio ambiente. Sabemos que o programa está trazendo vida de volta à natureza”, comentou Bertholdino Apolônio Teixeira Júnior, gerente de sustentabilidade da Coruripe. 

Situação atual em Alagoas

A espécie foi coletada em Alagoas na década de 1950, e era comum no estado. Entretanto, o desmatamento e a captura das aves para o comércio ilegal e local de animais silvestres fez com que o Chauá fosse funcionalmente extinto. As últimas aves foram registradas no mosaico de RPPNs do Niquim, área de mata com aproximadamente 1.000 hectares.

Descrita por Tommaso Salvadori em 1890, estes papagaios medem aproximadamente 40 cm de comprimento total e possuem a plumagem da região cefálica bastante variável, cujo padrão e combinação de cores permite que os indivíduos possam ser reconhecidos individualmente, tal qual uma impressão digital. A base da maxila é  vermelha ou avermelhada, o que contrasta com a plumagem da cabeça, que apresenta tons e extensão variável de vermelho, amarelo, verde e azul. O espelho e a cauda apresentam a coloração vermelha, que chama bastante a atenção quando as aves voam. O restante da plumagem é verde, que pode ser claro ou escuro, dependendo da região corporal.

São aves que vivem em bandos e podem ultrapassar os cem indivíduos voando juntos. Costumam se reunir ao fim do dia em dormitórios coletivos, sempre em árvores altas, onde ficam mais protegidas. Apesar de serem observadas em grupos, formam casais bastante coesos. Habitam preferencialmente florestas primárias, onde encontram alimento e locais para construírem seus ninhos, embora possam explorar também florestas secundárias e até mesmo quintais ou áreas residenciais próximas das florestas onde vivem. Possuem excelente capacidade de voo, percorrendo grandes distâncias.