Política

Idosa quebra o fêmur ao escorregar em santinhos na porta de uma escola

Segundo os promotores eleitorais, ao fazer o “derramamento de santinhos” na porta dos colégios, os candidatos estão infringindo a lei eleitoral e também podem ser processados na esfera criminal. Ao menos 17 políticos já foram processados nesse 1° turno.

Dona Hilda Goulart, de 74 anos, que escorregou em santinhos espalhados por candidatos na Avenida Fim de Semana, bairro Jardim CasaBlanca, do domingo (6). — Foto: Reprodução/TV Globo

Uma idosa de 74 anos escorregou e quebrou o fêmur de uma das pernas ao escorregar no último domingo (9) em santinhos jogados na porta de uma escola da Zona Sul de São Paulo.

O acidente aconteceu na Avenida Fim de Semana, no bairro Jardim CasaBlanca, por volta das 06h45 da manhã, poucos minutos antes da abertura das urnas no 1° turno da eleição paulistana.

Naquela manhã, as ruas no entorno da escola estavam forradas de material de propaganda irregular de candidatos dos mais diversos partidos políticos, atrás de votos.

Dona Hilda Goulart foi socorrida na porta da escola por uma ambulância do Samu e levada às pressas para o Hospital da Campo Limpo, na Zona Sul.

Depois da alta médica, ela gravou um vídeo contando o caso e se dizendo indignada com o ocorrido.

“No domingo eu estava saindo para a igreja. Pisei no papel político e escorreguei e caí. Quebrei o fêmur. Isso causa indignação para qualquer um. É perigoso para uma criança, um idoso, um jovem, acontecer esse tipo de coisa”, declarou.
Espalhar santinhos na porta das escolas é crime eleitoral e passível de crime na esfera cível, uma vez que também causa lesão corporal como no caso da Dona Hilda e também da faxineira Silvana do Amaral, de 52 anos.

Ela quebrou o pé ao escorrer em um desses santinhos jogados na frente da Escola Estadual Professor Vicente Rao, uma das zonas de votação da Zona Sul de São Paulo, também no domingo (06).

Silvana vai precisar ficar dois meses com gesso no pé, sem poder trabalhar.

Segundo os promotores eleitorais, ao fazer o “derramamento de santinhos” na porta dos colégios, os candidatos estão infringindo a lei eleitoral e também podem ser processados na esfera criminal.

Conforme o g1 publicou, o MP Eleitoral já abriu representação contra 17 candidatos da capital paulista que tiveram santinhos espalhados nos colégios eleitorais da Zona Oeste de São Paulo.

Eles são acusados de propaganda eleitoral irregular. Dos 17 processados, ao menos seis são vereadores eleitos agora em 2024 ou reeleitos. Oito deles são candidatos que não foram eleitos no 1° turno, mas estão na posição de suplentes de vereador, enquanto dois não atingiram o mínimo de votos exigidos para a suplência.

Santinhos eleitorais caídos nas ruas provocam acidentes

Entre os nomes processados está o do prefeito Ricardo Nunes (MDB), onde a promotoria encontrou santinhos espalhados na frente a Escola Plínio Negrão, localizado na rua Bragança Paulista, nº 575, Vila Cruzeiro, Zona Sul da capital paulista.

Por meio de nota, a assessoria do prefeito afirmou que “Ricardo Nunes não tem conhecimento desses fatos e não distribuiu material na forma de santinhos.”

O g1 procurou as assessoria de cada um dos eleitos e reeleitos e aguarda posicionamento para atualização desta reportagem.

Os candidatos que foram processados eleitoralmente pelos promotores da 2° Zona de SP são os seguintes:

Ricardo Luis Reis Nunes (MDB) – atual prefeito / 2° turno
Rodrigo Goulart (PSD) – reeleito
Murillo de Oliveira Lima (PP) – eleito
Milton Ferreira da Silva (Podemos) – reeleito
Gabriel Marques de Oliveira Melo (Podemos) – eleito
Major Márcio das Neves Palumbo (PP) – reeleito
André Luiz Santos Esteves (Republicanos) – reeleito
Jorge Wilson Júnior (Republicanos)- vereador atual / suplente
André José de Souza (Republicanos) – suplente
Léo Áquilla (MDB) – suplente
Zilu de Almeida Camargo (União Brasil) – suplente
General Peternelli (União Brasil) – suplente
Solange Fernandes de Lima (NOVO) – suplente
Ramirez Augusto Lopes Tosta (MDB)- suplente
Marcio Aparecido dos Santos (PL) – suplente
Coronel José Roberto de Castro (Solidariedade) – não eleito
Souza Santos (PRTB) – não eleito

O que dizem os vereadores citados
Procurado pelo g1, o vereador Rodrigo Goulart (PSD) disse que não houve orientação da campanha dele para esse tipo de ato, principalmente na região da 2ª Zona Eleitoral, da Água Branca.

“É uma área em que eu não tinha equipe de campanha e tive pouquíssimos votos. Não é a forma com que eu trabalho e vou procurar investigar, assim que tiver acesso à denúncia. Espero que não tenha sido nenhuma atitude deliberada para me prejudicar. E espero que o MP tenha visto também a quantidade de propaganda irregular que teve na cidade durante toda a campanha”, declarou o vereador reeleito do PSD.

Já o bombeiro Major Palumbo, do PP, também reeleito agora no domingo (6), se disse surpreso pela denúncia do MP e afirmou que não incentiva esse tipo de prática.

“Estou surpreso com isso, pois não tenho essa prática e tão pouco incentivo essa lamentável situação. Os materiais impressos foram entregues até sábado antes da eleição e vou me defender no processo. Não tenho conhecimento sobre quem fez essa prática, e vou aguardar a citação para me defender”, afirmou.