PM e Bope ocupam comunidades do Itanhangá. Entre os veículos usados, estão coletivos das linhas 878 (Tanque x Barra da Tijuca), 557 (Rio das Pedras x Copacabana) e 863 (Rio das Pedras x Barra da Tijuca)
Nove ônibus foram sequestrados e usados como barricada no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, nesta quarta-feira por duas horas. Os criminosos desapareceram com as chaves dos veículos, e os passageiros desceram, ficando retidos apenas os ônibus.
O Centro de Operações da Prefeitura sinalizou no “X” o bloqueio da Estrada do Itanhangá, na altura da Comunidade Vila da Paz, em ambos os sentidos, às 11h. O trânsito ficou lento e uma fila quilométrica de ônibus foi formada. A via foi liberada perto das 13h. A CET-Rio, a Polícia Civil e a Polícia Militar atuam no local. A PM informou, via nota, que equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) também foram acionadas.
Em entrevista a Globonews, a tenente-coronel Claudia Moraes, porta-voz da PM, afirmou que ainda não há relatos de prisões ou material apreendido. Ela contou que um dos motivos para a operação policial foi evitar confronto de criminosos que disputam o controle das favelas da região.
— Estamos verificando uma instabilidade em comunidades como César Maia, Tijuquinha e Morro do Banco. Essa região da Zona Oeste está sendo alvo de disputas de fações rivais. Temos uma geografia criminal no Rio em que há mudanças que ocorrem em função dessas guerras por domínio territorial — disse.
A coronel também afirmou que os setores de inteligência da PM está monitorando as possíveis rotas de fuga dos criminosos, inclusive pela área de mata que cerca a região.
— O que percebemos é que assim que houve a entrada do Bope fizeram esse tipo de retaliação e represaria, geralmente indicando que a polícia se aproximou de um alvo estratégico. Quando há uma reação dessa dimensão é porque estão tentando proteger alguma coisa — afirmou.
A região vive uma disputa de território entre milicianos e traficantes do Comando Vermelho. Há equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) e do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (Recom) no bairro.
Fila de ônibus
Segundo a Rio ônibus, os ônibus circulavam em Jacarepaguá e foram sequestrados. Em seguida, foram usados como barricadas. Foram usados veículos das linhas 878 Tanque x Barra da Tijuca, 557 Rio das Pedras x Copacabana, 557 Rio das Pedras x Copacabana, 557 Rio das Pedras x Copacabana, 550 Cidade de Deus x Gávea, 878 Tanque x Barra da Tijuca, 863 Barra da Tijuca x Rio das Pedras. Após serem manobrados, os ônibus foram enfileirados ao longo da Estrada da Barra da Tijuca.
“Nos últimos 12 meses já foram 130 veículos sequestrados. Todas as linhas que circulam pela região estão sofrendo desvios de itinerário. A recorrência dos casos reitera a necessidade de ações efetivas por parte das autoridades de segurança pública do Rio de Janeiro”, informou o sindicato que representa as empresas.
Em 2024, até o momento, 95 ônibus foram sequestrados para serem utilizados como barricadas e oito foram incendiados.
Também na Zona Oeste do Rio, próximo à favela César Maia em Vargem Pequena, há protestos e manifestantes colocaram fogo em objetos nas vias do entorno. Em nota, a Polícia Militar informou que policiamento segue reforçado com o militares do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) e do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom).
As linhas sequestradas
A cada dois dias, criminosos sequestram um ônibus para usar como barricada
Em junho, O GLOBO mostrou que a tática virou comum no Rio: em média, a cada dois dias de 2024, um ônibus foi retirado de linha por criminosos para bloquear a passagem de viaturas policiais. Entre janeiro e o início de junho, 71 coletivos foram alvo desse tipo de ataque—durante operações policiais ou protestos — em comunidades do Rio. Os locais com mais casos são a Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste, e os bairros de Cordovil e Ramos, na Zona Norte.