O técnico que estudou em Harvard e quebrou óculos de Klopp
Nesta terça-feira (22), o Real Madrid recebe o Borussia Dortmund, às 16h (de Brasília), no Santiago Bernabéu, pela 3ª rodada da fase de liga da Uefa Champions League.
Fora das quatro linhas, haverá um interessante duelo de treinadores, com o experiente Carlo Ancelotti, de 65 anos, enfrentando um dos técnicos mais jovens do futebol mundial: o ex-volante Nuri Sahin, de apenas 36.
Nos tempos de jogador, o meio-campista foi multicampeão pelos aurinegros, faturando títulos como Bundesliga, Copa da Alemanha e Supercopa da Alemanha, além de ter servido a seleção da Turquia por 12 anos.
Sua grande passagem pelo BVB lhe rendeu inclusive uma transferência para o próprio Real Madrid, clube que Sahin defendeu como atleta por três anos, mas sem o sucesso esperado por causa de constantes lesões.
As contusões, aliás, acabaram abreviando sua carreira, com o volante pendurando as chuteira em 2021, pelo Antalyaspor, com apenas 33 anos.
Logo após se aposentar, Nuri iniciou sua carreira de treinador na equipe turca, fazendo trabalho de destaque na reta final da temporada 2021/22 e levando o time à 7ª colocação na liga nacional.
Isso despertou a atenção do Borussia Dortmund, que o convidou na temporada passada para ser um dos auxiliares do então treinador Edin Terzic.
Com a saída de Terzic ao final de 2023/24, logo após o vice na última Champions League, Sahin recebeu outro chamado inesperado: assumir o comando do gigante aurinegro.
Mesmo com apenas 36 anos, ele topou o desafio, somando até agora 7 vitórias, 1 empate e 2 derrotas à frente do BVB.
Nesta terça-feira, ele terá o maior desafio de sua ainda curtíssima carreira de treinador contra o poderoso Real Madrid no Bernabéu. Uma verdadeira prova de fogo.
Nascido em Lüdenscheid, pequena cidade a 50km de Dortmund, Sahin entrou ainda garotinho na base do Borussia, em 2001.
Assim como muitos de seus colegas de equipe, ele trabalhou diversas vezes como gandula nos jogos da equipe profissional, especialmente em noites de Champions League.
Foi em uma dessas ocasiões que ele teve seu primeiro contato com o Real Madrid, aos 14 anos, acompanhando de perto o jogaço entre Dortmund e os merengues na temporada 2002/03 da Liga dos Campeões.
Na ocasião, ele foi até filmado pelas câmeras de TV comemorando o gol de Koller, que abriu o placar para a equipe alemã. Depois, ficou triste com o empate dos espanhóis, obra de um tal Zidane.
Mesmo sendo torcedor declarado do Dortmund, Nuri ficou tão encantado com a magia do clube blanco que fez uma promessa a si mesmo: um dia ele jogaria pelo Real Madrid.
“Eu lembro exatamente como era lindo o uniforme branco que o Real usou naquela noite”, escreveu Sahin, em 2017, no site The Players’ Tribune.
“Aquele uniforme era lindo. E eles jogaram muito bem também. Durante o segundo tempo, lembro de pensar: ‘Um dia, vou jogar pelo Dortmund. Mas, não importa o que aconteça, também vou jogar um dia pelo Real Madrid”, completou.
O sonho se realizou, e Nuri jogou uma temporada pelo Real Madrid, sendo campeão de LALIGA em 2011/12.
No entanto, por causa de várias lesões, ele conseguiu fazer só 10 partidas com a camisa merengue, anotando um gol.
Emprestado ao Liverpool e de volta ao Borussia Dortmund, ele deixou Madri em 2013/14 para retornar em definitivo ao seu clube de infância.
Nuri Sahin foi parte essencial do timaço do Borussia Dortmund que dominou a Alemanha no início da década de 2010.
O volante era um dos destaques da espinha dorsal montada pelo técnico Jürgen Klopp, sendo o comandante do meio-campo aurinegro.
Uma imagem de Nuri com o técnico, aliás, ficou imortalizada durante a conquista da Bundesliga na temporada 2010/11, correndo o mundo e se tornando um dos primeiros “virais” das redes sociais.
Logo após o Dortmund sacramentar o título, Sahin e Klopp trombaram de maneira forte na correria pelas celebrações do troféu.
Como resultado, os famosos óculos do treinador, que havia sido apelidado de “Harry Potter” pelo elenco, ficaram completamente destruídos.
Após o final de sua segunda passagem pelo Borussia Dortmund, em 2018, Sahin foi atuar por outro grande clube alemão: o Werder Bremen.
Como seguia tendo problemas físicos e passava mais tempo no departamento médico do que em campo, o meio-campista já começou a se preparar para o pós-carreira.
Em 2018, ele se matriculou no curso de gestão esportiva da Universidade de Harvard, uma das mais prestigiosas dos Estados Unidos.
O atleta, que teve o brasileiro Kaká como um de seus colegas de turma, completou o curso e optou por seguir atuando profissionalmente, indo para o Antalyaspor em 2020.
No ano seguinte, porém, acabou se aposentando dos gramados e começou a colocar as lições de Harvard em prática na sua carreira de treinador.