Indícios de corrupção
No relatório, os investigadores ressaltam que Sergio Fernandes Martins, Divoncir Maran e Marcos José Rodrigues decidiram revogar decisões de outros desembargadores para retornar a decisões em que já havia sido verificado “erro no mérito de causa”.
As decisões e as mensagens encontradas no celular do advogado são, sendo a PF, fortes indícios de que a “decisão proferida em 6 de abril de 2021 foi fruto de corrupção dos desembargadores citados”.
Além disso, a corporação destacou uma mensagem de abril de 2019 quando o advogado fala em “depositar o do gordo” e ressalta que estava sendo cobrado.
A mensagem de áudio transcrita pela PF é a seguinte:
“Dia meu amigo Paulo. Paulo, que horas você vai depositar o do Gordo aí, já tá me ligando aqui. Não fura hoje não hem Paulo. Um abraço meu amigo.”
No decorrer das mensagens, Felix fala que efetuou pagamento de R$ 15 mil para “Gordo”.
Segundo a apuração da PF, a mensagem se refere a pagamentos feitos para Marcos Brito, em razão da decisão proferida por ele em 2 de abril de 2019.
Em outra conversa, de 2016, o advogado recebe uma mensagem do filho do desembargador Sidinei Pimentel, garantindo um acordo:
“Vai sair hoje !! Certeza !! Perto das 6 da tarde !! Pode falar para seus parceiros aí até o horário pra ver q temos o controle !!.
Em uma nova conversa identificada pela PF como indícios de possível negociação de decisão judicial, o advogado fala:
“Ta barato prefeito. Vale”.
O interlocutor, que seria o então prefeito do município de Bodoquena (MS), pergunta se seria possível parcelar o pagamento. Felix Jayme da Cunha então responde:
“Não dá prefeito ,é muita gente envolvida p dar certo.”
Operação da PF
Os desembargadores Sérgio Fernandes Martins, Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel e Marcos José de Brito Rodrigues foram afastados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) na manhã desta quinta-feira (24) por suspeita de corrupção e venda de sentenças.
- Segundo as investigações da Polícia Federal, entre os crimes cometidos pelo grupo estão: lavagem de dinheiro; extorsão; falsificação; e organização criminosa.
Os afastamentos foram determinados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também autorizou a Polícia Federal a cumprir, com apoio da Receita Federal, 44 mandados de busca e apreensão contra eles, outros servidores públicos, 9 advogados, além de empresários suspeitos de se beneficiarem do esquema.