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Família atende desejo de Maguila e concorda em doar seu cérebro para estudos na USP: ‘Resolvemos até em vida mesmo’, diz viúva

Cérebro de Maguila está no banco de cérebros da USP, onde também estão os cérebros de Eder Jofre e Belini. Ex-boxeador morreu na quinta (24) em São Paulo por complicações da demência pugilística. Despedida aconteceu nesta sexta (25) na Assembleia Legislativa.

A família de Maguila disse que atendeu ao desejo do ex-boxeador e também concordou em doar o cérebro dele para estudos na Universidade de São Paulo (USP).

Reprodução/TV Globo

Filho e esposa de Maguila durante coletiva à imprensa

“Resolvemos até em vida mesmo a doação do cérebro dele para estudos por conta da doença. Fizemos isso ontem”, disse Irani Pinheiro, viúva do ídolo do boxe nacional. A declaração foi dada nesta sexta-feira (25) na coletiva de imprensa dada durante o velório do ex-pugilista na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Zona Sul da capital paulista.

De acordo com os familiares, o cérebro de Maguila irá para o banco de cérebros da USP, onde já estão os cérebros do ex-boxeador Eder Jofre e do ex-jogador da seleção Bellini.

A esposa e dois filhos de José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, acompanharam o velório do ex-boxeador nesta sexta-feira (25). A cerimônia começou às 8h e foi aberta ao público.

Esposa e dois filhos de Maguila velam o ex-boxeador na Alesp — Foto: Guilherme Pimentel/TV Globo

O ídolo do boxe brasileiro morreu na quinta-feira (24) por complicações da demência pugilística, doença incurável que o acometia. Em 2013 ele havia sido diagnosticado com a doença degenerativa, também conhecida por Encefalopatia Traumática Crônica (ETC).

Maguila tinha 66 anos e deixa esposa e três filhos (Edimilson Lima dos SantosAdenilson Lima dos Santos e Adilson Rodrigues Júnior, conhecido como Júnior Ahzura). Adenilson, o filho mais velho, e Júnior, o mais novo, estavam acompanhando no velório.

O casal morava em Itu, cidade do interior do estado, onde o ex-boxeador fazia tratamento por causa da doença. Mas seu estado de saúde piorou e ele precisou ser transferido para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde faleceu.

Esposa (com a mão no rosto) e um dos filhos de Maguila, de óculos, chegam para o velório do ex-boxeador na Alesp — Foto: Guilherme Pimentel/TV Globo

Morte

No perfil de Maguila no Instagram, a família publicou a informação de sua morte ainda na quinta.

“É com profundo pesar que comunicamos o falecimento de Adilson Maguila, uma figura emblemática e muito querida dentro e fora do ringue. Deixa um legado inestimável no esporte e na vida de muitos brasileiros. Maguila permanecerá vivo em nossas memórias e corações”.

“Os brasileiros se despedem hoje do grande lutador Maguila, que nos deixou aos 66 anos. Nascido José Adilson Rodrigues dos Santos, Maguila foi um dos maiores atletas do boxe brasileiro e o nosso mais importante boxeador peso-pesado, acumulando inúmeras vitórias nos ringues e popularizando o esporte, afirmou o presidente Lula.

“Multicampeão, venceu a maioria das lutas que disputou e conquistou o público com seu grande carisma. Após aposentar as luvas, chegou a lançar um álbum de samba, demonstrando seu amor pela nossa cultura popular. Meus sentimentos e um abraço a toda sua família, amigos e admiradores, ressaltou Lula.

Corpo de Maguila é velado na Assembleia Legislativa de São Paulo — Foto: Guilherme Pimentel/TV Globo

Trajetória

Maguila, famoso peso-pesado do boxe brasileiro, nasceu em 12 de junho de 1958 em Aracaju, Sergipe. Sua carreira no esporte durou de 1983 a 2000. Das 85 lutas profissionais, ele venceu 77 – sendo 61 por nocaute -, sete derrotas e um empate técnico. Entre os confrontos mais comentados estão as famosas lutas contra George Foreman e Evander Holyfield, em que os americanos nocautearam o brasileiro.

O ex-boxeador foi comentarista de economia do programa “Aqui Agora”, do SBT, na década de 90. Ele também fez parte do elenco fixo do “Show do Tom”, programa humorístico da Rede Record, em 2004.

Maguila foi comentarista de economia no programa Aqui Agora — Foto: Reprodução/SBT

Antes de completar 50 anos, o lutador foi diagnosticado com Encefalopatia Traumática Crônica. Contudo, antes disso, um erro médico resultou no tratamento de Alzheimer até 2015, quando o neurologista Renato Anghinah começou a tratá-lo pensando no principal fator o que fez desenvolver a ETC: os golpes na cabeça que sofreu ao longo da carreira de boxeador.

Em 2022, Maguila deu uma entrevista ao ge, em uma clínica no interior de São Paulo. Na época, ele passava por cuidados paliativos.

“Quero mandar um abraço para todo o povo brasileiro que me viu lutar. Estou bem e fiquem tranquilos. Só não posso mais lutar, mas estou bem. Essa doença que nem sei falar o nome, mas é difícil. É para o povo ficar tranquilo que estou bem”, disse Maguila na época.

Origem do apelido

Antes da carreira como atleta, ele fez bicos e trabalhou como segurança em boates. Em razão do seu porte físico, recebeu o apelido de “Godzilla” — monstro fictício conhecido pela aparência similar a de um dinossauro.

Posteriormente, passaram a chamá-lo de Maguila em alusão racista ao gorila “Maguilla”, personagem de desenho animado de Hanna-Barbera.

No início, o boxeador não gostava de ser chamado assim, porém logo o nome vazou, e ele passou a ser conhecido nos circuitos de luta dessa forma. Maguila ressignificou o apelido racista e o transformou em símbolo de força.

Maguila, lenda do boxe brasileiro, morre aos 66 anos — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução