Julgamento dos cinco réus começou na manhã desta quinta-feira (31) e deve durar até esta sexta (1º)
Acontece desde a manhã desta quinta-feira, 31, o júri popular dos cinco réus acusados de envolvimento no assassinato do auditor fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz), João de Assis Pinto Neto, em Agosto de 2022. Uma das testemunhas apontou dois dos suspeitos como executores da vítima e detalhou como o crime aconteceu.
Segundo informações divulgadas pela assessoria de comunicação do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), a testemunha, que à época era menor de idade, disse que Ricardo Gomes de Araújo e Vinícius Ricardo de Araújo da Silva teriam sido os responsáveis por matar João de Assis.
Ele contou ainda que Ricardo pegou uma motocicleta e o chamou para ir à um posto de gasolina, depois da Ufal, comprar gasolina para um vasilhame de cinco litros.
Ele disse também que presenciou Ronaldo Gomes de Araújo arrastando a vítima pelos braços, enquanto Ricardo o segurava pelos pés.
A testemunha relatou que estava fazendo uma entrega quando Ricardo chamou o irmão João Marcos Gomes de Araújo para ir ao estabelecimento e que ele (a testemunha), ouviu os gritos de João de Assis dizendo: “Socorro, meu Deus”! Depois silenciou.
A fala ainda demonstrou a frieza dos executores, já que segundo ele, depois do crime, Ricardo tirou a camisa suja de sangue, vestiu outra e continuou a atender normalmente, como se nada tivesse acontecido.
A mãe e o pais deles chegaram no local momentos depois e foi Vinicius quem dirigiu o carro que levou o corpo para ser desovado.
Depoimento da esposa
Quem também foi ouvida no auditório do fórum onde o julgamento está acontecendo, foi a viúva do auditor, Maria Marta Pinto.
Ela relatou que no dia do crime estranhou não ter recebido nenhuma mensagem de João se Assis, pois não era comum. Disse que quando ligou para o celular uma uma voz feminina atendeu e perguntou quem era. “Eu disse que era a esposa do dono do telefone e a mulher disse que havia achado o aparelho no mato, vibrando e foi olhar”.
Maria Marta pediu para a pessoa guardar o celular, explicando que era importante porque tinha fotos de família, e acertou para buscar o aparelho naquela noite.
A viúva do auditor disse ainda que João de Assis era apaixonado pelo que fazia, que amava o trabalho. Afirmou também que objetos pessoais dele desapareceram e que, inclusive, cheques do marido foram usados posteriormente ao seu falecimento.
Ela ainda testemunhou sobre a relação de seu marido com os filhos do casal, um homem, hoje tenente do Bope, que precisou de tratamento psicológico após a perda do pai, e uma mulher, que contava com a ajuda de João de Assis para passar em um concurso público, já que ele incentivava muito o estudo para ambos.
Muito emocionada, a mulher precisou parar o depoimento algumas vezes para se recompor de momentos de choro.
O júri está sendo presidido pelo juiz Geraldo Amorim. Já o Ministério Público, que pede a condenação dos réus pelos crimes de homicídios qualificado, ocultação de cadáver, corrupção de menor e fraude processual, está sendo representado pela promotora Adilza de Freitas e pelo assistente Bruno Vasconcelos Barros. Ao todo foram arroladas 34 testemunhas.
ASSASSINATO
O auditor fiscal foi morto e teve o corpo parcialmente carbonizado em um trecho da Avenida Cachoeira do Meirim, no Benedito Bentes, em 26 de agosto de 2022. A motivação teria sido o fato de João de Assis, durante o exercício da profissão, ter encontrado irregularidades no estabelecimento comercial, localizado no Tabuleiro do Martins.
Durante o desentendimento, o auditor fiscal entrou em luta corporal com os acusados e acabou caindo desacordado. Ainda conforme o processo, a vítima foi espancada, asfixiada, apedrejada e esfaqueada. Após o crime, os réus utilizaram gasolina e papelão para carbonizar o corpo da vítima em uma área de matagal.
Mesmo após o crime ter acontecido, os réus fecharam apenas uma parte do estabelecimento e continuaram atendendo clientes enquanto uma das acusadas, Maria Selma, limpava as manchas de sangue do local, com ajuda de um menor de idade.
Após as investigações policiais, os acusados foram identificados e presos. Agora eles passarão pelo Tribunal do Júri. São eles: os irmãos Ronaldo Gomes de Araújo, Ricardo Gomes de Araújo da Silva, e João Marcos Gomes de Araújo, além de Vinicius Ricardo de Araújo Silva, todos por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menor.
Já Maria Selma Gomes Meira, mãe de Ronaldo, Ricardo e João, será julgada pelo crime de ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor.