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Ativistas que tentavam impedir corte de árvores são detidos em SP

Vídeos mostram confronto entre guardas civis e ativistas que protestam contra derrubada de árvores

Ativistas que protestam contra o corte e derrubada de árvores ao longo da Avenida Sena Madureira entraram em conflito com guardas civis metropolitanos nesta quinta-feira (7). Por volta do meio-dia, a vereadora Renata Falzoni foi arrastada e imobilizada à força pela GCM quando tentava impedir o abate de árvores no local. Ela relatou ter sofrido lesões na coxa esquerda durante o incidente. Imagens mostram também o ex-deputado federal Eduardo Jorge sendo contido por agentes.

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Vereadora eleita e ex-candidato a presidente são detidos em protesto contra remoção de árvores na Sena Madureira

Segundo Renata, ao chegar ao local, ela e outros manifestantes abraçaram as árvores na tentativa de impedir a derrubada. Mesmo assim, quatro árvores foram abatidas. Em seguida, agentes da GCM teriam a retirado do local arrastando-a pelo chão, em uma ação que resultou em ferimentos. A vereadora afirmou que fez “peso morto” enquanto era retirada e resistiu deitada no chão, mas ainda assim foi carregada por quatro agentes.

Renata informou que acionou o Ministério Público e órgãos ambientais e patrimoniais para tentar interromper o corte. Ela descreveu como “indescritível a dor” de ver árvores de grande porte sendo cortadas com motosserras.

“Como cidadã, estou perplexa”, declarou a vereadora, criticando o projeto do túnel na área, que, segundo ela, inviabiliza um corredor de ônibus e uma ciclovia, e ainda tampa curso de um rio. Ela classificou a obra como um “crime de mobilidade, urbanístico, ambiental e social”.

Renata relatou ainda que teve empatia dos operários da obra durante a ação, destacando que galhos cortados passaram muito próximos dela. A vereadora afirma que está mancando e deverá procurar atendimento médico devido às lesões que sofreu.

Durante o protesto uma pessoa foi detida e levada ao 16º Distrito Policial. Cerca de 30 agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e da Polícia Militar (PM) estão no local para controlar a situação. Aproximadamente 40 manifestantes permanecem na manifestação, incluindo representantes da comunidade local e assessores de políticos que questionam a legalidade dos cortes de árvores.

A radialista Karen Sayão, de 33 anos, foi detida pela GCM ao abraçar uma árvore, na tentativa de evitar que ela fosse derrubada. “Fui levada algemada como se tivesse cometido um crime grave ao abraçar uma árvore para que ela não fosse derrubada”, diz. Ela relata que dois agentes a levaram ao 16º Distrito Policial, onde recebeu um termo circunstanciado e um boletim de ocorrência por desacato e resistência à autoridade.

“A polícia alega que eu resisti e não cumpri uma ordem deles porque eu cheguei a saltar um tapume. No boletim de ocorrência eles falam que eu desacatei a autoridade e que eu resisti, sendo que eu não resisti”, diz.

“O agente solicitou que soltasse a árvore e, como não soltei, ele mostrou a algema e falou ‘vou te prender'”, lembra. Ela conta que foi colocada algemada na parte de trás da viatura, como se eu tivesse cometido um crime absurdo. E depois a colocaram na frente. De acordo com ela, essa foi a primeira vez detida. “A algema, para mim, era desnecessária”, diz.

A moradora e ativista lamenta que estejam derrubando árvores e com elas, flores e ninhos de passarinhos. “Eu estou defendendo um direito, a natureza e a sociedade”, diz. “Acho que a cidade inteira deveria estar parada e prestando atenção”.

A Prefeitura de São Paulo iniciou na quarta-feira a obra para a construção de dois túneis na Rua Sena Madureira, na Zona Sul. Operários começaram a derrubar as árvores do canteiro central mesmo apesar de protesto feito por moradores.

Com base num estudo de uma consultoria ambiental, a gestão não reconhece a área como sendo de preservação permanente, diferentemente do que afirmam documentos assinados pelo próprio município.

Do alto, é possível ver o clarão em alguns pontos da rua da Vila Mariana. Os cortes no canteiro central começaram hoje, e os tapumes, que cercam a obra, viraram alvo de protesto de moradores do entorno.

Ativista é detida pela GCM durante protesto na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo. — Foto: Reprodução