Foi assim que uma pessoa próxima a Gabigol reagiu ao ser perguntada pela reportagem da ESPN sobre a despedida anunciada pelo atacante instantes após o título rubro-negro da Copa do Brasil, com a vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG, na Arena MRV.
A fala reforça um incômodo que o próprio Gabriel não fez questão de esconder em seu “adeus”. Ele citou o “aperto de mão” da diretoria com ele, seu estafe e família para uma renovação de contrato que acabou não indo adiante e também ter “ficado sabendo de coisas por podcasts”.
“Ali acabou”, disse a mesma fonte sobre essa renovação que chegou a ser encaminhada, em outubro de 2023, mas não foi confirmada. Flamengo e Gabigol prolongariam o vínculo até 2028, mas o clube “segurou” a oferta, entendendo ter outras prioridades a resolver primeiro.
Pesou também a má fase que o atacante vivia em campo, o que fez com que ele entrasse em 2024 no último ano de seu contrato. Nessa reta final de vínculo, foi comandado na maior parte do tempo por Tite, um outro fator que acabou sendo importante para o desgaste do camisa 99.
O técnico nunca escondeu sua preferência por Pedro no comando de ataque e colocou até Carlinhos à frente do ídolo rubro-negro na hierarquia de opções para a frente.
“Um treinador que não me respeitava como jogador”, definiu Gabriel após a final.
Um ponto da relação entre os dois foi ressaltado por pessoas ouvidas pela ESPN. Tite e Gabigol se falavam muito pouco no dia-a-dia e, normalmente, quem buscava o atacante para orientações e conversas era o auxiliar e filho do técnico, Matheus Bachi.
Em junho de 2024, o Flamengo até tentou propor uma renovação a Gabriel, mas em moldes bem diferentes do que haviam sido conversados no ano anterior: apenas mais um ano de vínculo (e não mais cinco), com um aumento salarial de 50%. O atacante negou.
Quase na mesma época, o presidente Rodolfo Landim havia dado entrevista a um podcast, o “Fala, João Guilherme”, e detalhado a situação de Gabigol em relação à oferta.
“A gente já procurou o Gabriel, fez uma oferta para ele. Essa oferta talvez não atenda aos interesses dele e, se não atender, o caminho natural dele vai ser, quando chegar ao final do ano, ele pode escolher onde vai”, afirmou.
O empresário do atleta, Junior Pedroso, na ocasião, também não escondeu o incômodo de Gabigol e chegou a dizer abertamente que o jogador não seguiria no Flamengo.
O atacante chegou a ser afastado antes do fechamento da janela do meio do ano, enquanto negociava principalmente com o Palmeiras.
O acerto com a equipe alviverde não veio, Gabriel retornou normalmente ao Flamengo e, no fim de setembro, Tite foi demitido, dando lugar a Filipe Luís. Parecia uma mudança de rumos também no futuro do atacante, protagonista no jogo de ida da final da Copa do Brasil, com dois gols.
Quando encaminhou o título sobre o Atlético-MG, porém, Gabigol já estava decidido a deixar o Rubro-Negro, posição tomada há cerca de dois meses e comunicada aos mais próximos de seu convívio. O Cruzeiro entrou com mais força nesse contexto no último mês, e o negócio tomou forma, como antecipou a ESPN no último domingo (10).
Para contar com Gabigol a partir de 2025, o time mineiro topou pagar a ele o que Palmeiras e o próprio Flamengo não quiseram: um salário que chegará na casa de R$ 2,5 milhões, entre valor fixo e luvas que serão diluídas ao longo de seu contrato.
O tempo de contrato é o último “detalhe” sendo discutido para a conclusão do negócio entre Gabigol e a Raposa. As partes não veem, contudo, que isso possa atrapalhar a assinatura do vínculo.
O Cruzeiro ofereceu três anos para o atacante, que pediu, com seu estafe, quatro. Segundo apurou também a reportagem, a tendência é que o contrato seja assinado com validade de quatro temporadas. Em relação a valores, salários e luvas já estão acertadas, com o aceite do lado do atleta.
Pedroso esteve em Belo Horizonte, onde o Flamengo venceu o Galo, mas já de olho em fechar de vez o negócio com o Cruzeiro após conversas que já se estendem por um mês.
Gabigol se despede, assim, do Flamengo após seis temporadas, 160 gols (sendo 16 em finais) e 13 títulos, recorde ao lado de Arrascaeta, Bruno Henrique, Zico e Junior.