O julgamento dos cinco policiais militares, acusados de sequestrar, torturar e assassinar o servente de pedreiro Jonas Seixas em outubro de 2020, entrou em nova fase na tarde desta quarta-feira, 13, com os depoimentos dos réus.
O primeiro a ser ouvido foi o sargento Fabiano Pituba, que no dia do crime conduzia a viatura da Tática I do BPE. Em seu depoimento, o militar continuou a sustentar a versão de que a guarnição teria deixado a vítima com vida nas imediações do viaduto que dá acesso ao bairro de Jacarecica, pois Jonas Seixas temia ser libertado na Grota do Cigano e ser vista como informante da PM, o que colocaria sua vida em risco.
O policial alegou ainda que as equipes Tática I e Tática II, do BPE, realizavam em conjunto a operação de abordagem, mas se separaram posteriormente. Sobre a suposta invasão dos policiais à casa de Jonas Seixas, o réu negou qualquer tipo de ação neste sentido.
O depoimento também abordou o incidente dos radiocomunicadores, que supostamente teriam descarregado ao mesmo tempo. Pituba relatou que a situação ocorreu no final da tarde, quando as baterias dos HTs estavam próximas de descarregar e, por isso, os aparelhos foram levados para a troca de baterias na unidade policial.
Durante o depoimento do réu, o promotor de Justiça, Antônio Vilas Boas questionou sobre o patrulhamento na região atrás do Motel C-Qsabe, uma área de mata. O policial confirmou, mas disse que a guarnição realizava rondas de praxe uma vez que o local é conhecido por constantes assaltos.
Outro policial a prestar depoimento nesta tarde foi o soldado Filipe Nunes da Silva, que conduzia a Tática II do BPE durante a abordagem das equipes. Ele negou a autoria do crime e ratificou a versão apresentada pelo colega de farda, sargento Pituba, sobre a dinâmica da operação policial.
Soldado Felipe explicou que a guarnição estava em uma operação de rotina para combater o tráfico de drogas na localidade, conhecida por ser ponto de venda de entorpecentes. O soldado afirmou ainda que, durante o patrulhamento, a guarnição encontrou Jonas, que estava disposto a colaborar com a polícia e fornecer informações sobre o tráfico na região. Segundo o depoimento, Jonas não foi detido, mas sim colocado na viatura para simular uma prisão, com o objetivo de protegê-lo de represálias de traficantes, já que ele estava colaborando com a PM.
Ele detalhou ainda que a troca das baterias dos radiocomunicadores foi realizada no antigo Batalhão de Policiamento Especial (BPE), pois as baterias estavam prestes a descarregar e precisavam ser substituídas para garantir a continuidade do patrulhamento. Já em relação ao possível desligamento dos rádios de comunicação (HTs), Felipe afirmou que existem áreas sem sinal na região e que, por isso, a troca das baterias era uma medida necessária.
Sobre o fato dos militares terem passado por uma região de mata atrás do motel, o soldado explicou que a área em questão não é uma mata, mas um conjunto residencial.
O julgamento continua com a previsão de mais depoimentos, e a expectativa é que o caso se estenda até a madrugada, com os jurados já preparados para a possibilidade de pernoitar. O juiz, no entanto, tem a intenção de concluir a sessão ainda nesta quarta-feira, 13.
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