A Polícia Civil de Alagoas deu início as investigações sobre o assassinato do motorista por aplicativo, Márcio Vieira, que estava desaparecido desde a madrugada de quarta-feira, 20, e teve o corpo encontrado despido dentro do carro em um canavial na parte alta de Maceió.
Ontem, a linha inicial de investigação era de latrocínio, mas a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sob o comando do delegado Thiago Prado, levantou novos elementos sobre o caso. A vítima sofreu 20 golpes de arma branca, o que levanta a hipótese de homicídio, já que a violência empregada não se encaixa exatamente em um caso de roubo.
“São circunstâncias que, no primeiro momento, não se compatibilizam muito bem com o crime de latrocínio. Porém, elas não são anulatórias e não são descartadas em absoluto. Tudo pode ter acontecido na cena do crime haja vista que cada autor é diferente um do outro. O que se sabe é que no crime de latrocínio, a violência empregada não é uma violência movida por muito ódio ou rancor em relação a vítima porque não existe relação próxima entre eles. Então não se costuma ver muitos golpes ou tiros assim em quantidade, mas não descartamos porque pode ter tido uma relação da vítima para se defender ou as facadas desferidas não foram o suficiente para neutralizar a vítima naquele momento. Tudo isso são perguntas que são feitas neste primeiro momento da investigação. Mas é certo que trabalhamos quanto como linha de latrocínio como homicídio. Algo que vai ser robustecido de acordo com as evidências probatórias que vamos coletar ao longo das investigações”, informou o delegado Thiago Prado, em entrevista à TV Pajuçara.
Os agente da DHPP trabalham para reconstruir o trajeto realizado pela vítima, com base nos dados do GPS do veículo para localizar a última rota percorrida. Além disso, os policiais tentam buscar imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar nas investigações.
“Estamos reconstruindo o trajeto para então buscar imagens que possa auxiliar a investigação. Já solicitamos das empresas de aplicativo de transporte os dados das corridas para que a gente consiga com base nisto mais informações e possamos trabalhá-las para saber qual o último cliente, a forma de pagamento. Todos os detalhes são impresindíveis na investigação”, acrescentou o delegado.
Neste primeiro momento, algumas testemunhas já foram ouvidas e os familiares da vítima também prestaram depoimento. De acordo com a investigação, o último sinal de contato com Márcio Vieira ocorreu por volta das 3h23. Aproximadamente entre 4h20 e 4h30, o veículo foi desligado e encontrado horas depois no local do crime, com base nas informações de GPS.
Em conversa com familiares foi levantada a hipótese de envolvimento de um motociclista, ao qual teria feito um acerto financeiro por conta de um prejuízo em um acidente de trânsito. No entanto, este rapaz segue cumprindo o pagamento do acordo e estava no local do trabalho no momento em que a vítima desapareceu. Com isso, não há indícios de que esta pessoa tenha envolvimento direto com o crime.
A Polícia Civil segue trabalhando para concluir o caso, que segue sem pistas dos suspeitos até o momento.
Motoristas por aplicativo realizam paralisação em homenagem a colega morto em Maceió
Entenda o caso
O motorista por aplicativo, Márcio Vieira, desapareu na madrugada de quarta-feira, 20, após aceitar uma corrida. Na manhã do mesmo dia, seu corpo foi localizado seminu dentro do veículo Onix, de cor preta, que a vítima usava para trabalhar.
Informações policiais dão conta que a vítima trabalhava na madrugada quando resolver aceitar uma corrida por volta das 3 horas. Após pegar os passageiros, Márcio teria compartilhado a localização com a esposa, mas acabou desaparecendo.
Como o veículo usado pela vítima era alugado, os familiares entraram em contato com a proprietária, que identificou via GPS que o automóvel estava dentro do canavial no bairro Benedito Bentes. Diante da informação, a Polícia Militar foi acionada.
De acordo com dados do 5º BPM, a vítima apresentava lesões na cabeça e no tórax. Ao todo, ele foi atingido por 20 facadas e estava seminu. Após o assassinato, o celular de Márcio foi roubado.
O veículo usado por Márcio apresentava danos causados por incêndio. Os bancos, o teto e o vidro frontal do automóvel estavam queimados, e folhas secas foram colocadas dentro do tanque de combustível, indicando uma possível tentativa de incendiar o carro por completo.