A sogra que denunciou ter perdido R$ 12 milhões para o genro que alegava fazer investimentos está inconformada com o que aconteceu. “Ele levou todo o meu valor líquido, tudo o que eu tinha. Não me conformo. Fiz para ele o que jamais fiz em minha vida inteira”, declarou a idosa de 63 anos.
De acordo com o advogado da mulher, Leonardo Lacerda Jubé, as transferências foram realizadas entre 2018 e 2022. O dinheiro era resultado das economias da idosa e de uma herança que ela havia recebido do próprio pai e que pretendia deixar para os três filhos e netos.
“Ele tem o poder de convencimento, acreditei mais nele do que nos meus próprios filhos”, afirmou a idosa.
A vítima e o genro não tiveram os nomes divulgados. O g1 tentou contato com a defesa do homem na tarde de sábado (23) por telefone, mensagem e redes sociais, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Em declaração enviada pelos advogados, a idosa disse que os outros dois filhos que ela tem também saíram prejudicados com o golpe e que agiu em total confiança ao genro.
“Assinei contratos sem ler, coisa que nunca havia feito. Agora, só me resta tentar reaver pelo menos parte disso judicialmente”, declarou.
Desde que iniciou as transferências, em 2018, a idosa começou a desconfiar do genro quando, em 2022, soube que ele havia perdido um valor de R$ 20 milhões. O advogado Leonardo Jubé contou que foi quando a idosa começou a querer saber mais sobre os investimentos.
De acordo com o advogado, o homem se negou a passar detalhes sobre o dinheiro e falou que havia sofrido perdas, especialmente em bitcoins. Foi quando a mulher decidiu procurar ajuda jurídica.
Em 2023, a defesa da idosa fez uma notificação em cartório para formalizar um requerimento de prestação de contas por parte do genro, que não deu esclarecimentos sobre o dinheiro.
“Recebemos uma resposta de que ele não tinha contas a prestar, que era uma questão familiar e quem deveria tomar conta das contas era a minha cliente [a idosa], em tese de que ela administrava mal as próprias contas”, narrou o Leonardo Jubé.
De acordo com o advogado, a defesa conversou com ex-sócios e pessoas que trabalharam com o genro para saber sobre o caso. “Diante dos relatos que nos foram feitos, de que havia uma mistura de contas de investimentos de contas de terceiros para conta pessoal, nós fizemos a denúncia-crime à Delegacia do Idoso”, explicou.
Leonardo disse ainda que uma decisão de primeiro grau publicada em maio de 2024 estabeleceu que o genro deve prestar contas do dinheiro. Mesmo assim, o homem ainda não apresentou nenhuma justificativa sobre o destino do dinheiro.
A Polícia Civil informou que o processo corre em segredo de Justiça e que não irá comentar o caso.
De acordo com Leonardo Jubé, a idosa tem tido problemas de saúde desde que o processo foi iniciado. A mulher, que já chegou a morar com o genro e a filha, não convive mais com o genro. “Ela está arrasada, com problema de saúde e depressiva”, informou o advogado.