Dados apontam que no período de janeiro a outubro deste ano a Rede de Atenção às Violências assistiu 1.357 mulheres
Das 1.357 mulheres vítimas de violência doméstica atendidas entre janeiro e outubro deste ano nas Salas e Áreas Lilás implantadas em Hospitais e Delegacias de Alagoas, 76% se autodeclaram pretas e pardas. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26) pela Rede de Atenção às Violências (RAV), órgão criado pelo Governo de Alagoas e mantido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Ainda conforme os dados, as faixas etárias de maior incidência são de mulheres na faixa etária de 18 a 59 anos. Outro dado que chama a atenção, é o fato de que a maioria das vítimas possui ensino fundamental incompleto, residem em áreas periféricas e são agredidas por ex-cônjuges, cônjuges ou amigos e conhecidos.
A gerente operativa da RAV, enfermeira Thaylise Nunes, ressalta que os dados mostram que a violência em Alagoas tem um perfil definido. São mulheres pardas e negras, maioria jovens e adultas, com baixa escolaridade, que residem nas periferias e cujos agressores são conhecidos, próximos e íntimos das vítimas.
Os atendimentos de violência sexual realizados pela RAV, até outubro deste ano, chegaram a 1.163. As vítimas são acolhidas e passam por atendimento multidisciplinar, formado por psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros, ginecologistas, pediatras, peritos e policiais civis.
Para essas vítimas também são disponibilizados serviços de profilaxia das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), anticoncepção de emergência e coleta de vestígios. Também é assegurado o aborto previsto em lei, exames laboratoriais, assessoria jurídica, grupos de apoio e acompanhamento médico e psicossocial, por até seis meses após a violência.
QUALIFICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
O técnico de planejamento da RAV, advogado Pedro Santos, ressaltou que a Sesau tem intensificado ações para qualificação dos profissionais. O objetivo é ampliar a capacidade de identificação, notificação e assistência humanizada às mulheres em situação de violência nos serviços de saúde.
“Potencializar as ações voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher é urgente para amortizar o avanço exponencial dos casos, além de fortalecer o sistema de proteção e garantia de direitos. Com isso, iremos capilarizar o alcance da RAV, estimulando a sensibilização e o aprimoramento das equipes, protocolos e fluxos de acolhimento, atendimento e monitoramento dos casos de violência”, concluiu.