Vivendo no Retiro dos Artistas desde 2019, o ator Rui Rezende falou pela primeira vez sobre sua decisão de ir para o abrigo, localizado em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Desde sua chegada, o ator, de 87 anos, adotou uma postura introspectiva, evitando conceder entrevistas. No entanto, ele decidiu romper o silêncio e compartilhar sua experiência em um depoimento gravado para um mini documentário dos residentes do Retiro. Durante o relato, ele descreve como é viver no local:
“Aqui encontro condições razoáveis, porque a vida é razoável. Até os milionários, um dia, vão precisar de ajuda. Eu vim para cá meio ressabiado, com essa ideia de ‘ah, é um asilo…’. Mas não, não é um asilo. Aqui, estou cercado de atenção. Tenho minha casinha e posso me nutrir com livros e cinema. Minha estadia aqui tem sido boa. Não tenho nada a reclamar.”
O ator também explicou por que optou por morar no Retiro:
“Foi uma escolha que fiz, até por conselho da minha família, da minha ex-mulher, mãe da minha filha, com quem sou muito amigo até hoje. Elas me ajudaram a vir para cá, porque o mundo lá fora está muito difícil: você quer viver num apartamento, mas precisa pagar impostos, contratar pessoas para ajudar. É uma vida complicada para alguém de 80 anos.”
No vídeo, disponível no canal do Retiro dos Artistas no YouTube, Rui relembra sua carreira na TV, destacando seu personagem mais famoso: o Professor Astromar Junqueira, o lobisomem da novela “Roque Santeiro” (1985), que está sendo reprisada no Viva:
“Tenho muito prazer em ter feito esse papel, porque era um personagem muito misterioso. Foi uma novela muito importante.”
Seus últimos trabalhos incluem participações na série “Bom dia, Verônica” (2022) e na novela “Um lugar ao sol” (2021). Rui também revelou que recebeu convites para voltar a atuar, mas tem sido criterioso em suas escolhas:
“Teatro não me atrai mais. Prefiro um convite para algo que realmente me agrade. Se não vier, melhor nem fazer. É uma escolha, hoje posso escolher. A atividade artística que mais me agrada neste momento é escrever.”