O dólar opera em alta nesta quarta-feira (18) e já bateu os R$ 6,22. Por aqui, as atenções dos investidores seguem com o pacote fiscal do governo, enquanto lá fora o dia é marcado pela reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Na noite desta terça (17), a Câmara dos Deputados aprovou uma primeira parte do pacote de corte de gastos enviado pelo governo federal ao Congresso. O texto aprovado proíbe a ampliação de benefícios tributários quando as contas públicas tiverem um desempenho negativo.
Além disso, quando o o governo registrar déficit primário (situação em que as despesas são maiores que o dinheiro arrecadado), a proposta aprovada ativa um “gatilho” que limita o aumento de gastos do governo com pessoal.
Há expectativa de que a Câmara vote nesta quarta outros pontos centrais do pacote de corte de gastos, como mudanças na regra do salário-mínimo e abonos salariais. Depois, as propostas seguem para o Senado.
A expectativa do governo é que, com a aprovação dessas medidas, o país tenha uma economia de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026, e de R$ 327 bilhões até 2030.
As medidas são necessárias para equilibrar as contas públicas, já que a meta do governo é de déficit zero (quando o arrecadamento é igual ao nível de despesas) nos próximos dois anos. No entanto, o mercado financeiro está pessimista com o pacote, porque acredita que as propostas podem não ser suficientes para controlar a trajetória da dívida pública no longo prazo.
Além desse cenário, a agenda internacional conta com a reunião do Fed, que decide a nova taxa de juros dos Estados Unidos. A projeção da grande maioria do mercado é que a instituição corte suas taxas de juros em 0,25 ponto percentual, levando-as a um patamar entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Às 15h53, o dólar subia 1,92%, cotado a R$ 6,2126. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,2221. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,02%, cotada a R$ 6,0956, renovando seu recorde nominal (que é o valor da moeda sem ajuste pela inflação).
Com o resultado, acumulou:
a véspera, o índice subiu 0,92%, aos 124.698 pontos.
Com o resultado, acumulou:
No cenário fiscal brasileiro, o governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. São as regras definidas pelo arcabouço fiscal, o conjunto de normas para controle das contas públicas.
O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público. Mas os investidores já não acreditam que as medidas tomadas pelo governo até aqui tenham o potencial para conter o avanço da dívida pública no longo prazo.
O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Isso não aconteceu.
Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.
Segundo o blog do Valdo Cruz, interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o governo precisa dar uma sinalização mais forte na área fiscal, incluindo o anúncio de medidas adicionais às já anunciadas, para reverter de vez o cenário negativo que reina no mercado neste fim de ano.
Os aliados de Haddad acreditam que a aprovação do pacote já enviado ao Congresso vai ajudar a acalmar os ânimos dos investidores, mas as medidas não serão suficientes para derrubar o dólar.
Já no exterior, as atenções estão com a decisão de política monetária do Fed. Segundo a ferramenta FedWatch da CME, que monitora as projeções de participantes do mercado financeiro, 95,4% dos agentes esperam um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas americanas.
Juros menores nos Estados Unidos podem ser positivos para o Brasil. Isso porque, com taxas menores, os títulos públicos do país (considerados os mais seguros do mundo) passam a entregar uma rentabilidade também menor.
Assim, investidores buscam opções mais atrativas, justamente em um momento em que o Banco Central do Brasil (BC) está subindo seus juros — o que oferece maior retorno nos títulos nacionais.
Nesta terça-feira, o BC divulgou a ata de sua última reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, a 12,25% ao ano. No documento, a instituição voltou a indicar novas altas de mesma magnitude nos primeiros meses de 2025.