Na ata do Copom, o Banco Central observou, ainda, que a percepção do mercado financeiro sobre o pacote fiscal, considerado aquém do necessário, afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco (curva de juros), as expectativas de inflação e a taxa de câmbio.
Pacote de corte de gastos
O pacote proposto pelo governo, e aprovado pelo Legislativo, prevê alterações no ritmo de crescimento do salário mínimo, que será menor, nos gastos com educação, do abono salarial, e de benefícios sociais, entre outros.
De acordo com números do Ministério da Fazenda, o pacote de cortes de gastos deve gerar uma economia de R$ 69,8 bilhões em 2025 e 2026, após as mudanças implementadas pelo Congresso Nacional. Para o mercado financeiro, entretanto, o impacto do pacote será bem menor.
No fim do ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou as mudanças feitas pelo Legislativo e também acenou ao mercado falando em novas medidas de redução de despesas no decorrer de 2025, sem detalhá-las.
A dívida do setor público consolidado fechou o mês de novembro em 77,7% do PIB – o equivalente a R$ 9,1 trilhões, segundo informações do Banco Central.
A dívida já subiu seis pontos percentuais desde o começo do governo Lula, em 2023, pois somava 71,7% do PIB no fechamento de 2022.
Se for considerado o critério do Fundo Monetário Internacional (FMI), que contabiliza os títulos públicos que estão na carteira do BC e que é utilizada na comparação internacional, a dívida brasileira terminou novembro desse ano em um patamar maior ainda: em 90,3% do PIB.
Neste nível, a dívida brasileira está abaixo de nações desenvolvidas, próxima de países da União Europeia e acima dos emergentes, da América Latina e do Caribe.
A relação entre dívida e PIB é um indicador relevante para o mercado, interpretado como um sinal da capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros de curto, médio e longo prazo. Quanto maior a dívida em relação ao PIB, maior o risco de um calote em momentos de crise.
Além do patamar da dívida, a performance das contas públicas também é avaliada por investidores.
No ano passado, em meio a ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para baixar a taxa de juros da economia, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, explicou no Congresso Nacional como a dívida pública influencia a taxa de juros brasileira.
“Na parte dos juros, a gente não pode confundir causa e efeito. A dívida não é alta porque o juro é alto. É o contrário, o juro é alto porque a dívida é alta. Quando você endividado vai ao banco, e o banco faz uma análise que você é endividado e não paga a dívida, o juro é alto”, explicou Campos Neto, na ocasião.