Início do conflito remete à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1973 e 1982.
O conflito por demarcação de terra envolvendo indígenas na região oeste do Paraná é histórico e se estende há décadas.
Na noite de sexta-feira (3), quatro indígenas Avá-Guarani foram baleados durante um ataque em uma área de disputa de terras entre as cidades de Guaíra e Terra Roxa. Entre eles, uma criança de 7 anos, um adolescente de 14 anos e outras duas pessoas de 25 e 28 anos, que estão internadas em estado grave.
No entanto, a situação não é isolada. Em 2024, foram pelo menos cinco situações de embate registradas na região.
Conflito remonta o início dos anos 70
O início do conflito remete à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1973 e 1982.
Na escolha do local para a construção da usina, houve a retirada de indígenas dos locais de interesse e a hidrelétrica inundou milhares de hectares de terras cultivadas e terras originariamente ocupadas por indígenas, segundo o relatório final da Comissão Estadual da Verdade do Paraná.
Além de serem retirados dos locais onde viviam, espaços sagrados, como cemitérios, as casas de reza e o maior conjunto de cachoeiras do mundo em volume de água, o Salto de Sete Quedas, foram submergidos por conta da construção.
Muitos dos indígenas que viviam no local inundado foram reassentados Guaíra. Tanto indígenas quanto fazendeiros reivindicam a área.
Um processo tramita na Justiça para que a Itaipu faça a compensação de um outro local.
Tentativa de intermediação
A conflito que se arrasta motivou, julho de 2024, a criação de um grupo de trabalho da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (Sesp) com representantes de entidades ligadas aos direitos dos indígenas e de outras forças de segurança para intermediar os conflitos fundiários que têm acontecido na região.
O objetivo era mediar uma discussão para que a Itaipu Binacional compre uma área, que será usada para realocação dos indígenas.
Situação se agravou recentemente
Em janeiro de 2024, três indígenas foram baleados e um homem foi agredido e feito refém pelos indígenas. Pouco depois, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o envio da Força Nacional para a cidade.
Em julho, o grupo ocupou uma nova área de terras em Guaíra.
Pouco mais de um mês depois, um novo conflito deixou sete indígenas feridos, incluindo adolescentes. Em setembro daquele ano, o grupo chegou a roubar uma carabina da Força Nacional.
No último dia do ano, uma casa que fica na aldeia foi incendiada.