Política

Planalto começa a receber obras de arte restauradas dois anos após ataques golpistas

STF também receberá novas obras de arte nesta semana. Peças simbolizam reconstrução das instituições democráticas após invasões de 8 de janeiro de 2023.

O Palácio do Planalto começou a receber, nesta segunda-feira (6), parte das obras de arte depredadas durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Guilherme Mazui/g1

Obra de arte subindo a rampa do Planalto

As obras restauradas serão oficialmente reintegradas ao acervo do governo em uma cerimônia na quarta-feira (8), que marcará os dois anos dos atos golpistas. Ao todo, 21 peças foram restauradas no Palácio da Alvorada, enquanto o relógio foi recuperado na Suíça.

Entre as obras que chegaram ao Planalto esta tarde estão o quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti — principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto —; e a escultura de parede em madeira do artista Frans Krajcberg, que foi quebrada em diversos pontos.

Quadro ‘As mulatas’, de Di Cavalcanti, no Palácio do Planalto — Foto: Rogério Melo/Presidência da República

Segundo o Planalto, o relógio Balthasar Martinot Boulle, do século XVII, será levado nesta terça-feira (7) para o palácio. A peça, destruída pelos extremistas, foi consertada na Suíça após um acordo entre o governo brasileiro e a embaixada do país europeu.

O governo montou um laboratório no Palácio da Alvorada para realizar o restauro das obras danificadas pelos vândalos.

O processo foi feito graças a um acordo de cooperação técnica com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que assumiu os custos do trabalho realizado por uma equipe de dez restauradores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Novas obras no STF

Dois anos após os ataques golpistas que destruíram o Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros também vão receber, na quarta-feira (8), novas obras de arte que marcam a reconstrução da sede da Corte.

Vandalismo da sede do STF no dia 8 de janeiro — Foto: JN

Uma delas é a reparação da toga da ministra aposentada Rosa Weber, então presidente do STF no dia da invasão. A sala da Presidência do Supremo foi um dos locais mais afetados, com tentativa de atear fogo ao escritório.

A peça intitulada” Manto da Democracia”, da artista Valéria Pena-Costa, conta com a participação de 60 mulheres no projeto. Segundo o STF, a artista considera que a iniciativa representa “um ato simbólico de identidade, solidariedade e força, manifestado através da arte”.

Outra obra é uma uma pintura sobre tela com tonalidade em preto inspirada no luto das páginas carbonizadas da Constituição Federal. Idealizada pelo artista Carppio de Morais, ela será apresentada dentro de uma caixa de acrílico e fará referência histórica da escravisão até os dias atuais. A ideia é mostrar a diversidade do Brasil.

Inspirados nos sermões do Padre Antônio Vieira, Mário Jardim e Valéria Pena-Costa criaram uma obra a partir da palavra democracia, que será referida no espelho e repetida em seus fragmentos. A ideia é destacar que a democracia pode ser atacada, mas permanece íntegra.

Quatro artistas participam do projeto que propõe ressignificar material oriundo da destruição das instalações do STF: Valéria Pena-Costa, Carppio de Morais, Marilu Cerqueira e Mário Jardim. O grupo entregará formalmente as peças ao ministro Fachin, momento em que os artistas apresentarão cada uma das obras que simbolizam a reconstrução do prédio da Suprema Corte e a prevalência da democracia.

Uma pedra de mármore azul com símbolo da bandeira em meio a frases que remetem à destruição do STF e também pedaços de vidro blindex esverdeado, vidro de lâmpada, pedaços de tela de dispositivo móvel/tablet, cacos de espelho, mármore branco triturado, pedra portuguesa triturada. A produção é de Marilu Cerqueira.

As quatro obras serão entregues ao Supremo na quarta-feira, durante o evento que vai marcar a invasão e destruição da sede da Corte. O ato será comandado pelo vice-presidente do STF, Edson Fachin.