Política

Governo usa regulação das redes para embate político

De que forma se poderia regular as redes sociais é um importantíssimo assunto que afeta toda a sociedade brasileira e suas instituições. Não é uma questão de marketing.

Essa foi, porém, a abordagem que o governo brasileiro escolheu para lidar com uma situação que considera vital para seu principal grupo político, que sempre buscou o domínio da narrativa.

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Seja pelas tentativas canhestras de antigamente de controle social da mídia, seja agora por se julgar inferiorizado em relação ao adversário político no uso e domínio das redes.

Diz o ministro Haddad, ecoando o que pensa o PT e o governo, que as big techs se aliaram à extrema-direita. Esse é exatamente o ponto.

O Planalto enxerga a questão da regulação não pela sua imensa importância social, mas pelo seu significado na luta política eleitoral.

Nesse contexto, não só a polarização dificulta o caminho de uma eventual regulação – cuja discussão é legítima e cuja necessidade deve ser decidida pelo Congresso Nacional – como também revela uma postura preocupante.

Ocorre que o Executivo e o STF acham, parar usar a gíria, que essa bola é deles e que vão “matar no peito”, desafiando as competências estabelecidas na Constituição.

De fato, o jogo das big techs e seu alinhamento com o governo da ainda maior potência do planeta criam uma nova realidade política.

Essa realidade é difícil também para os sistemas políticos e jurídicos de países da Europa, por exemplo, nos quais há um entendimento muito mais restrito do que nos Estados Unidos sobre o que é liberdade de expressão nas redes sociais.

No Brasil, não há consenso sobre a regulação de redes sociais. O que existe é uma grande desconfiança em relação a quem hoje mais insiste nela. Marketing político não resolve isso.