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OAB lança ato para cobrar do Estado informações sobre desaparecidos

Comissão de Direitos Humanos da OAB cobra solução para o caso.

Alagoas24horas

Comissão de Direitos Humanos cobra elucidação do desaparecimento de jovem

Em resposta ao sumiço do jovem Davi Silva, de 17 anos, desaparecido desde o dia 25 de agosto após uma abordagem policial, a Polícia Civil informou nesta segunda-feira (10) que já identificou os militares da Radiopatrulha que participaram da abordagem. A delegada que preside o inquérito, Luci Mônica, do 8º Distrito Policial, deve agora indiciar os policiais.

Familiares do adolescente organizaram um ato público junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL) em frente à sede da Comissão de Direitos Humanos, no Centro, para lembrar os 77 dias de desaparecimento.

Ainda sem solução, o caso é composto por diversas denúncias sobre abuso de autoridade policial na região do Benedito Bentes –onde ocorreu o desaparecimento. “Fica difícil para gente admitir que um jovem tenha desaparecido dessa maneira em uma abordagem policial, não tendo ele sequer antecedente criminal”, diz Daniel Nunes, presidente da Comissão de Direitos Humanos, durante o ato.

No dia 25 de agosto, Davi foi visto por populares no Conjunto Cidade Sorriso I, no Benedito Bentes, sendo colocado em uma viatura da Radiopatrulha após ser flagrado com maconha junto com um amigo. Na ocasião, o amigo acabou sendo liberado pelos militares após, segundo a versão do mesmo prestado na polícia, ser considerado “usuário”, enquanto que Davi permaneceu sob a custódia dos militares por ter sido apontado como possível “traficante”.

Até o momento, a Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds) não divulgou uma posição sobre o ocorrido. “Cobramos então esclarecimentos, não estamos culpando ninguém, mas tememos que esse caso do Davi se torne mais um ‘Amarildo’ em Alagoas”, disse Daniel Nunes em referência ao ajudante de pedreiro que sumiu no Rio de Janeiro após ser abordado por policiais de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

“Por enquanto acompanhamos o inquérito que está na Polícia Civil e sabemos também que existe um procedimento administrativo na Polícia Militar”, avalia o presidente.

Em relação ao atentado sofrido pela mãe de Davi, Maria José, a OAB disse que não há como estabelecer uma ligação entre os dois. Maria foi atingida por uma ‘bala perdida’ no Mercado da Produção, no Centro.

Número de desaparecidos é incerto

Ainda segundo Daniel Nunes, a Ordem realiza paralelamente um levantamento do número de casos de desaparecimento similares ao acontecido com Davi. “O que posso adiantar é que nós como Ordem temos conhecimento de vários casos que estão acontecendo no Estado. Estamos fazendo um levantamento para divulgar para a imprensa, mas adianto que é muita morte”, diz o presidente.