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Excesso de chuva provoca queda na produtividade do trigo no RS

Clima também prejudicou a qualidade do cereal produzido no Estado. Rio Grande do Sul deve registrar quebra de 40% na safra.

Ilustração

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Os produtores do Rio Grande do Sul enfrentam uma das piores colheitas de trigo dos últimos anos. A chuva em excesso prejudicou o desenvolvimento do grão. Por isso, houve queda na produtividade e na qualidade do cereal.

O clima não ajudou o desenvolvimento do cereal. Muitos cachos estão com grãos pela metade. O excesso de chuva favoreceu o surgimento de doenças e, consequentemente, provocou queda da produtividade nas lavouras. Este ano, foram semeados cerca de um milhão de hectares no estado.

O agricultor Idalino Dal Bello plantou 55 hectares de trigo na propriedade em Passo Fundo, no norte gaúcho. A expectativa do produtor de colher 80 sacas por hectare caiu pela metade. “Vou colher em torno de 40 a 45 sacas. Na realidade, não vai ter lucro nenhum. Nós vamos pagar para trabalhar”, avalia.

No ano passado, o estado colheu mais de três milhões de toneladas de trigo. Mas, o cenário deve ser bem diferente este ano. O Rio Grande do Sul deve registrar uma quebra de 40% na safra. Além da queda na produtividade, os produtores enfrentam o problema do baixo preço pago pelo grão.

“Há um ano, nos vendíamos trigo neste mesmo dia por R$ 41,00 a saca de 60 quilos. Hoje, está cotado na praça de Passo Fundo em torno de R$ 25,00 a R$ 26,00. Então, a lucratividade praticamente desapareceu”, diz Cláudio Dóro, técnico da Emater/RS.
De acordo com a Emater, o valor pago atualmente está bem abaixo da média dos últimos cinco anos, que era de R$ 30,00. Para tentar escapar das dividas, cerca de oito mil produtores já pediram seguro agrícola ou o Pró-Agro.

O produtor Airton Ferreira da Silva, que encaminhou o pedido para receber o seguro, calcula um prejuízo de quase R$ 15 mil com a safra deste ano. O agricultor plantou 22 hectares de trigo e esperava seguir a media do ano passado, de colher 60 sacas por hectare. Mas, ele colheu apenas 21 sacas por hectare.

“Nós fizemos um investimento em torno de R$ 900,00 por hectare. Depois de colhido, a gente viu que vai alcançar em torno R$ 300,00 por hectare. Na verdade, esse seguro cobre o banco. Quando ocorrem esses eventos de perdas, o produtor praticamente passa sem ter um ganho real nenhum”, diz Silva.

Os números apresentados foram estimados pela Emater do Rio Grande do Sul. Já o último levantamento de safra da Conab prevê uma quebra menor, em torno de 21%. Apesar disso, a safra de trigo no conjunto do Brasil deverá ser recorde.