Dayane e Renan, de 24 anos, jogam juntos, mas 'vivem' em facções rivais. Ela já escolheu vestido, buquê e altar para realização de cerimônia no jogo.
Dayane e Renan se conheceram por causa de ‘World of Warcraft’
O amor existe até em tempos de guerra no meio de duas facções, a Aliança e a Horda, lutando para ver qual é a mais forte no game de RPG online massivo "World of Warcraft". Mas sequer a distância entre personagens destes dois lados fez com que os mineiros Dayane Cris e Renan Cruz, os dois com 24 anos, ficassem em pé de guerra. Pelo contrário, foi o game que criou uma amizade que virou namoro há 1 ano e meio e, caso vá para o altar no futuro, já tem até planos de uma cerimônia na terra virtual de Azeroth.
O RPG online "World of Warcraft", da Blizzard, completa 10 anos. Com cinco pacotes de conteúdo extra lançados desde 2004, ‘WoW’ tem mais de 10 milhões de assinantes e se tornou um fenômeno cultural e comercial em todo o mundo. Para comemorar a data, o G1 conta histórias de fãs do jogo.
"Nos conhecíamos da escola, mas fazia muitos anos que não nos víamos. Um dia em 2013 ele me parou na rua, perguntando se eu jogava ‘World of Warcraft’. Respondi que sim, que fazia 6 anos que eu jogava. Combinamos de sair para falar do jogo. Eu tinha muito mais itens nos meus personagens do que ele. Começamos a sair e eu ia para a casa dele para jogar do lado dele, mas nada acontecia", conta Dayane, que hoje está com uma Druida no nivel 98 já na expansão "Warlords of Draenor". Ele tem um Humano nível 98.
Os dois vivem em Passos (MG). Ela explica que os dois passavam horas juntos jogando – muitas vezes só ela jogando "WoW" e ele jogando outro game com os amigos. Até que Renan a convidou para assistir a um filme na casa dele. Foi quando começou o romance.
Os dois enfrentam um problema grave, pelo menos no mundo de Azeroth. "Meu personagem é da Horda e o dele é da Aliança", explica Dayane. As duas facções vivem uma guerra eterna no game e, por conta disso, não podem se encontrar nos territórios dominados por elas, ou eles seriam mortos por outros jogadores. Para os dois se encontrarem, devem ir para um território neutro – e torcer para que ninguém apareça e mate um dos dois – ou usar personagens da mesma facção em outro servidor. "Dentro do game não conseguimos nos encontrar muito por conta dessa dificuldade, mas uso outro personagem e o ajudo em missões mais antigas de ‘World of Warcraft", conta ela.
Dayane afirma que, até o ano passado, ela jogava mais "WoW" do que o namorado. Por conta dos estudos, ela teve que ser mais ausente em suas missões em Azeroth. Renan foi gostando tanto das aventuras – segundo ela, sempre jogou mais sozinho – e começaram a se ajudar mais. Mas ela diz que, mesmo com um personagem com habilidade de cura, mais fraco no combate, ela sempre "mata" o namorado em confrontos. "Mato ele de ‘healer’", diz, o que é uma humilhação no ambiente do jogo da Blizzard.
O curioso é que Dayane começou a jogar "World of Warcraft" por causa do ex-namorado: "Ele era viciado e me abandonava para jogar. Aí comecei a jogar para ver se ele me dava mais atenção e me viciei também. Aí, terminei com ele para poder jogar mais tempo".
Embora Dayane acredite ser cedo para pensar em casamento, ela diz que já tem planos para uma cerimônia no mundo digital do jogo. "Minha personagem tem um vestido branco e um buquê que certamente vou usar no dia", conta. "Quero fazer dentro do game e chamar os amigos das duas facções para o evento, que será em um templo com um altar bonito".
Ela pensa até em pedir para um amigo fazer um anel de casamento, o que é possível dentro do jogo. "Tem um amigo com um personagem que tem uma profissão que permite criar itens. É trabalhoso, mas é só eu coletar e levar os materiais para ele. Terei que pagar também, e é muito caro. Aí, eu poderei usar a aliança no meu personagem". Mas mesmo se Dayane e Renan se casarem, eles podem ficar juntos na vida real, mas seus personagens em "World of Warcraft" terão que voltar para suas vidas nas facções distintas. "Não quero ir para a Aliança, meu lugar é na Horda". Que sejam felizes até a próxima batalha.