Moradores alegam que funcionários da empresa descumprem ordem judicial que determina a presença de um perito oficial para realizar a avaliação de danos das casas.
A inspeção de três funcionários do Moinho Motrisa nas casas da Vila Nossa Senhora do Carmo, localizada na Avenida Comendador Leão, no Poço, culminou com um novo protesto dos moradores na manhã desta quinta-feira (16). Os moradores reclamam que os funcionários descumprem ordem judicial para promover o retorno deles às residências.
De acordo com um dos advogados dos moradores, Efrem Lyra, o impasse foi ocasionado pelo não cumprimento de um mandado judicial que determina a presença de um perito oficial durante a avaliação dos danos. A decisão determina por consequência a suspensão do pagamento dos aluguéis por parte da empresa.
“Sem o perito oficial não há como fazer qualquer inspeção. Os moradores não aceitam os funcionários designados pela empresa para fazer o serviço, com receio de esconder os reais motivos do acidente”, diz o advogado.
A decisão judicial foi proferida pelo desembargador Kléver Loureiro. Além da decisão, não existe consenso por parte da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros que não teriam autorizado o retorno das 20 famílias ao local.
De acordo com a advogada Flávia Nobre, do Moinho Motrisa, tudo está sendo realizado conforme determina a ordem judicial. Dois técnicos da empresa fazem neste momento a revisão das residências localizadas na Vila Nossa Senhora do Carmo para colher informações e agilizar o retorno dos moradores. Ainda segundo Flávia Nobre, a empresa já mostrou diversos laudos dando conta que não há mais riscos de novos rompimentos dos silos restantes.
“Estamos aqui resolvendo o impasse do retorno, então é uma revisão geral para que os moradores possam retornar de forma tranquila aos seus lares. Não temos interesse em causar danos”, disse a advogada.
Se existe o impasse na fiscalização e no retorno dos moradores, a situação se complica mais ainda com a denúncia dos moradores que apontam para novas rachaduras nos três silos que armazenam o trigo da empresa.
De acordo com a jornalista Silvana Valença, a situação é delicada e a empresa não fornece mais respostas sobre o andamento das obras. “As pessoas fingem que nada acontece. São três silos que apresentam novos rachamentos e que não existiam há três meses. Será que eles [o Motrisa] estão esperando que haja alguma vítima fatal para tomar uma providência?”, questiona a moradora.
Ainda para ela, os laudos fornecidos pelo Motrisa não trazem segurança e só desvirtuam do verdadeiro debate. “A questão aqui da Vila Nossa Senhora do Carmo é maior do que somente essa vistoria, tem que ser avaliado o problema dos silos que restaram e que também oferecem risco”, destaca.