Jandira, sumida desde o dia 26, denunciou as agressões na delegacia. Polícia investiga se Leandro tem envolvimento no desaparecimento.
Em denúncia à Polícia Civil em 2010, Jandira Magdalena Cruz, mulher que desapareceu ao tentar realizar um aborto na Zona Oeste do Rio, afirmou ter recebido socos no peito e nos braços de seu ex-marido, Leandro Reis. A polícia investiga possível participação dele no caso. Na época da denúncia, ela afirmou à polícia que ele a havia ameaçado dizendo: "Eu tenho nojo de você. Quando eu chegar em casa não quero mais te ver. Vou te botar na rua com as próprias mãos", segundo agentes.
No depoimento, Jandira afirmou que os casos aconteceram depois de Leandro ter usado cocaína. Na ocasião, a Justiça determinou que Leandro teria que ficar afastado da mulher a uma distância mínima de 300 metros. O G1 tentou entrar em contato com Leandro até a publicação desta reportagem, mas não conseguiu contato.
Ainda de acordo com agentes, contra Leandro existem três registros de ocorrência. Dois deles contra Jandira: um de ameaça em 2008 e outro de ameaça e agressão no ano de 2010. A Polícia informou que o terceiro consta como um registro de ameaça contra seu próprio avô, em 2009.
Estavam pensando em voltar, diz mãe
A notícia de que a polícia investiga a participação de Leandro surpreendeu a mãe da jovem, desaparecida há uma semana. Maria Angela dos Santos afirmou que ele e a filha se agrediam fisicamente e discutiam muito enquanto estavam casados. Apesar disso, ela soube pela filha que ambos estavam pensando em voltar a namorar, na véspera de seu desaparecimento.
"Ela disse pra mim: ‘Eu conversei com o Leandro e, depois que a gente resolver o que a gente disse que ia fazer (o aborto), a gente vai ver se recomeça tudo de novo’. Foi isso que ela me disse", contou. "Eles brigavam muito, se agrediam, briga de casal mesmo (…) Eu não esperava que ele tivesse alguma a ver com isso. Eles brigavam muito. Por isso que estou muito surpresa, muito surpresa mesmo", acrescentou Maria Ângela, emocionada.
Corpo achado em carro semelhante
Grávida de quatro meses, a assistente administrativa foi vista pela última vez há 15 dias, na Rodoviária de Campo Grande. Ela entrou em um carro, junto com outras três grávidas, que supostamente as levaria para uma clínica de aborto. Um carro com características semelhantes foi encontrado com um corpo carbonizado dentro. A polícia disse que faria um exame de DNA nesta segunda (10), mas o teste não foi feito, segundo familiares.
Leandro Reis, ex-marido de Jandira, que não é pai do filho que ela espera, foi quem a acompanhou até o ponto de encontro. A mulher apontada como a possível motorista do carro se apresentou na sexta-feira (5) na delegacia, mas Leandro não reconheceu Débora Dias como a pessoa que dirigia o veículo.
Para a polícia, a principal suspeita é Rosemere Aparecida Ferreira, que está foragida, acusada de participar do esquema. De acordo com o Ministério Público, dois policiais civis também fazem parte da quadrilha. Um deles é Edilson dos Santos, que teve a prisão preventiva decretada em fevereiro por crime de aborto. Ele trabalharia como segurança da clínica.
A outra é a policial Sheila da Silva Pires, que chegou a ser presa em junho de 2013, mas foi solta por decisão judicial no mês seguinte. Desesperada, a mãe de Jandira pede que as pessoas que tiverem informações do caso procurem a polícia. "Minha filha não é uma bandida nem nada pra sumir assim. Eu não me conformo".