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Aférese terapêutica salva vida de pacientes com doença autoimune

Aférese terapêutica salva vida de pacientes com doença autoimune

Santa Casa

Aférese terapêutica

Mikaella Ingrid, 18 anos, mãe de uma criança de onze meses, e Ingrid Abs Lopes, 35 anos, têm muito mais em comum do que apenas o nome. Mikaella foi internada e entubada três vezes numa UTI e há cinco meses estava presa a uma cadeira de rodas. Já Ingrid Abs foi internada no Hospital Geral do Estado e em processo progressivo de paralisação de todos os membros, inclusive dos músculos e órgãos responsáveis pela respiração e deglutição.

No caso de Ingrid Abs, a doença progrediu para um quadro gravíssimo em apenas quatro dias. Não fosse a transferência para a Santa Casa Farol e iniciado rapidamente o tratamento, no prazo de 24 horas ela morreria por sufocamento. Já Mikaella começou a sofrer a paralisação dos membros inferiores na gravidez. O mesmo tratamento aplicado na Santa Casa Farol permitiu que ela voltasse a andar.

As duas foram salvas graças à intervenção do hematologista e hemoterapeuta Wellington Galvão – com seu moderno equipamento Spectra Optia – e ao convênio firmado entre a Santa Casa de Maceió e a Secretaria Estadual da Saúde para tratamento de pacientes do SUS por meio do tratamento chamado plasmaférese.

"Plasmaférese é um procedimento no qual toxinas e outros componentes sanguíneos são separados e removidos do organismo através de um equipamento automatizado. Ele é utilizado no tratamento de doenças autoimunes, onde são retirados os anticorpos que atacam o organismo", explicou Wellington Galvão, médico que reúne mais de 15 anos de experiência com a plasmaférese e que já tratou mais de 1000 pacientes em Alagoas, segundo seus cálculos.

O equipamento de Wellington Galvão é o mais moderno fabricado pela indústria japonesa Terumo, sendo um dos oito em funcionamento no Brasil até o momento e o único instalado no Nordeste. O nono Spectra Optia encomendado à fabricante japonesa, também adquirido por Galvão, já foi despachado para Alagoas e ficará na Santa Casa Farol à disposição de pacientes do SUS, particulares e de operadoras de planos de saúde.

Aférese x autoimunes

Nas doenças autoimunes, os anticorpos produzidos pelo organismo "enxergam" os órgãos e tecidos da própria pessoa como se fossem agentes agressivos. O contínuo ataque pode levar à morte ou incapacitar o indivíduo. São esses anticorpos que a plasmaférese "filtra" do sangue do paciente, um processo que leva até cinco horas para ser concluído. O objetivo da aférese terapêutica é realizar várias sessões no paciente, retirando o sangue, filtrando e devolvendo-o ao organismo até que o sistema imunológico deixe de produzir esses anticorpos.

"A técnica garante a cura do paciente nos casos agudos, como o de Ingrid, portadora da variante mais agressiva da doença guillain-barrê, ou confere qualidade de vida nos casos de miastenia grave, de Mikaella, que incapacitam a pessoa", explicou Wellington Galvão. No caso da guillain-barrê, a agressividade e rapidez da doença aliada à demora no diagnóstico fazem com que a taxa de mortalidade chegue a 95%.

Parceria salva vidas

"Muitos pacientes do SUS serão salvos na Santa Casa Farol graças à sensibilidade do secretário de saúde Jorge Villas Boas, que firmou convênio com a Santa Casa de Maceió e entendeu a importância deste procedimento terapêutico", disse o diretor médico da Santa Casa de Maceió, Artur Gomes Neto, endossado pelo hematologista Wellington Galvão. "Em apenas dois meses, o convênio garantiu que fossem salvas sete pessoas que corriam risco imediato de morte", confirmou o hematologista.

Ouvido pela reportagem, o secretário Jorge Villas Boas enfatizou que "a parceria com a Santa Casa de Maceió, por meio da contratualização, evita que o paciente tenha de recorrer à Justiça para ter acesso à plasmaférese, o que agiliza o início do tratamento – que nestes casos é fundamental; reduz custos e, o que é mais importante, salva vidas."

Em seu depoimento, Ingrid Abs relata que em quatro dias a sensação de dormência que sentia nas extremidades das mãos, pés, língua e face progrediu para um quadro de completa paralisação em todo o corpo, dificultando até mesmo a respiração e degluição. Já após a primeira sessão [da plasmaférese] pude voltar a respirar. Após dois meses de fisioterapia e quinze sessões do tratamento já consigo subir até escadas, algo que muitos pacientes levam anos para conseguir. Por isso a minha gratidão ao dr. Wellington Galvão, à equipe de fisioterapia e a todos que me ajudaram a voltar a viver", relatou Ingrid.